Cook e Trump em um encontro durante o atual mandato do presidente dos EUA (Evan Vucci/AP)
Redator
Publicado em 27 de maio de 2025 às 08h38.
Antes da recente viagem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Oriente Médio, a Casa Branca convidou executivos de diversas empresas norte-americanas para acompanhá-lo. Tim Cook, CEO da Apple, optou por não participar. Tal decisão desagradou Trump, segundo o New York Times, e motivou as críticas feitas por ele ao executivo durante a viagem.
Em um discurso em Riad, capital da Arábia Saudita, o presidente elogiou Jensen Huang, CEO da Nvidia, por integrar a delegação e criticou publicamente a ausência de Cook. No evento, estavam presentes outros executivos, como Larry Fink (BlackRock), Sam Altman (OpenAI), Jane Fraser (Citigroup) e Lisa Su (AMD).
Na sequência da viagem, no Qatar, Trump explicitou novamente sua insatisfação. Mesmo tendo elogiado o investimento nos EUA, o presidente expressou descontentamento com a expansão da Apple na Índia, já que ele almeja – e espera atingir com sua guerra comercial – o retorno da indústria para os Estados Unidos e não apenas sua transferência da China para uma alternativa menos conflituosa.
O que ocorre agora é que Tim Cook tenta mitigar o efeito colateral de sua proximidade pública com Trump, que pode ter prejudicado a Apple, hoje muito mais vigiada em sua cadeia produtiva ao redor do mundo.
Cook lidera a Apple há quase 14 anos e, mesmo com desafios recentes, como a derrota no processo sobre a App Store e críticas ao headset Vision Pro e o tulmultuado lançamento do Apple Intelligence, a empresa mantém valor de mercado superior a US$ 2,5 trilhões e lucro anual próximo de US$ 100 bilhões.
Embora tenha demonstrado apoio ao presidente, assim como outros CEOs de big techs, Cook, que tem boa relação desde o primeiro mandato de Trump, também já criticou algumas políticas, especialmente sobre imigração. Com a eleição de 2024, a pressão para transferir a produção para os EUA aumentou, colocando a Apple como alvo principal.
Na sexta-feira, 23, Trump surpreendeu inclusive sua istração e a liderança da Apple ao anunciar, em rede social, uma tarifa de 25% sobre iPhones produzidos fora dos Estados Unidos. Esse anúncio foi feito logo após a Foxconn, principal fabricante da empresa, informar um investimento de US$ 1,5 bilhão em uma fábrica de iPhones na Índia.
Mesmo que a empresa prometa investir US$ 500 bilhões nos Estados Unidos nos próximos quatro anos e planeje produzir e comprar mais produtos fabricados no país, como chips e servidores para inteligência artificial, a medida não parece o suficiente para acalmar os ânimos de Donald Trump.
Com a guerra comercial, ele busca trazer a produção de iPhones e outros manufaturados de volta aos EUA, entendendo que isso resultaria na criação de trabalhos qualificados e bem-pagos, além de possibilitar a recuperada da prosperidade perdida pelo país.
Enquanto isso, a empresa também tem que lidar com perda de participação no mercado chinês, impulsionada pela concorrência com Xiaomi e Huawei.