Repórter
Publicado em 27 de maio de 2025 às 10h57.
Criar filhos adolescentes em um ambiente digital hiperconectado virou um desafio de múltiplas frentes. Nos Estados Unidos, estimativas apontam que jovens usam em média 40 aplicativos por semana, alternando entre eles com fluidez e pouca previsibilidade. No Brasil, o cenário não é diferente, e o volume de ferramentas digitais em uso torna quase impossível para os pais supervisionarem todas as interações.
Em busca de soluções mais eficientes, uma pesquisa do instituto Ipsos revela que 86% dos pais brasileiros apoiariam uma lei que exigisse aprovação parental para o de aplicativos por menores de 16 anos.
Segundo o levantamento, 57% dos pais acreditam que essa exigência deveria valer até os 16 anos de idade, e não apenas para menores de 13, como sugerem algumas legislações atuais. Para os entrevistados, a centralização desse controle nas lojas de aplicativo — como App Store e Google Play — seria preferível a depender de cada aplicativo individualmente.
Hoje, a fragmentação desses mecanismos cria um problema prático: 62% dos pais dizem que prefeririam aprovar os apps dos filhos diretamente na loja, de forma centralizada, e 54% confiam mais nessas plataformas para armazenar dados sensíveis de verificação.]
Close de um adolescente usando smartphone: pais gostariam de ter mais controle sobre uso de aplicativos por crianças
A pesquisa também mostra que 85% dos pais apoiam a criação de contas específicas para adolescentes nas redes sociais, com proteções adicionais ativas por padrão e com controles parentais mais eficazes.
Essas sugestões vão ao encontro da experiência já adotada no Instagram, da Meta: desde setembro de 2024, adolescentes entre 13 e 15 anos são inseridos automaticamente em “Contas de Adolescentes”, com filtros de conteúdo e bloqueios de mensagens por padrão. A Meta afirma que 97% dos adolescentes brasileiros nessa faixa etária permanecem nas configurações de proteção inicial, sem solicitar relaxamento nas restrições.
Esse modelo de proteção prévia, agora em expansão para o Facebook e o Messenger, faz parte de um esforço mais amplo da empresa para reforçar seus mecanismos de segurança. A Meta afirma ter investido mais de US$ 30 bilhões em tecnologia e equipes voltadas à moderação e segurança nos últimos dez anos, com cerca de 40 mil profissionais dedicados à área.
O foco agora é buscar parcerias com legisladores e outros atores da indústria para tornar a verificação de idade e a aprovação parental uma camada de segurança nativa, não apenas opcional. A empresa defende que sistemas operacionais e lojas de aplicativos assumam papel ativo no processo, reduzindo a dependência de cada app individual e melhorando a consistência da supervisão.
Ao validar a idade dos adolescentes no momento de configurar o aparelho, pais poderiam automaticamente ativar filtros e aprovações em todos os aplicativos futuros, sem precisar repetir o processo diversas vezes.