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Ingrediente nada secreto

Uma nova leva de restaurantes se destaca, primeiramente, pela arquitetura, na qual o setor está investindo cifras cada vez mais altas

Estabelecimentos em São Paulo e no Rio de Janeiro: reformas em casas charmosas para levar mais conforto aos clientes (Manuel Sá/Alex Woloch/Pedro Shutter/kato78/Divulgação)

Estabelecimentos em São Paulo e no Rio de Janeiro: reformas em casas charmosas para levar mais conforto aos clientes (Manuel Sá/Alex Woloch/Pedro Shutter/kato78/Divulgação)

Daniel Salles
Daniel Salles

Repórter

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 06h00.

Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 12h23.

Os chefs Paulo Barros e Salvatore Loi penaram para tirar do papel a segunda unidade do Modern Mamma Osteria, o ­Moma, no Baixo Pinheiros. Também pudera. A filial foi inaugurada em 2021 e as obras se concentraram no início da pandemia, quando o faturamento da dupla ia de mal a pior. Para evitar que a expansão fosse abortada, o arquiteto responsável, Otavio de Sanctis, rasgou o projeto inicial e elaborou um segundo, bem mais econômico. Para baixar os custos, ele recorreu a lambe-lambes e painéis com madeiras que sobraram da obra, entre outras soluções do tipo.

Na terceira unidade do Moma, nos Jardins, não houve economia. Em funcionamento desde agosto, a novidade custou perto de 10 milhões de reais — para se destacarem, empresários do ramo parecem cada vez mais dispostos a engolir cifras do tipo. O novo Moma também foi projetado por De Sanctis, assim como o primeiro, no Itaim, e o Ella Fitz, outro empreendimento do mesmo grupo. Na Rua Oscar Freire, o terceiro ­Moma destaca-se pelo monumental cobogó na fachada, pelas portas e janelas de madeira e pelo pé-direito altíssimo. 

   Conhecido por projetar empreendimentos do tipo, De ­Sanctis é o responsável por outra novidade que está dando o que falar em São Paulo, o novo Arturito, da chef Paola Carosella. Ele funciona no térreo de um prédio novo em folha, o Alameda Jardins, no Jardim Paulista, da incorporadora Tishman Speyer. “Busco fazer ambientes nos quais as pessoas se sintam acolhidas e interessadas em ficar mais tempo”, resume o arquiteto. Com pé-direito duplo e paredes revestidas de madeira, o novo Arturito chama bem mais atenção que o antigo, em Pinheiros.

Em matéria de arquitetura, o novo Tuju é ainda mais impressionante. Inaugurado em setembro de 2023, ocupa uma edificação de três andares no Jardim Paulistano que foi reformada a um custo de 3 milhões de reais. O restaurante propriamente dito fica no primeiro andar. Inteiramente aberta, a cozinha é circundada pelas mesas, todas redondas, com tampo de mármore verde. As paredes foram revestidas com ripas de madeira e até os copos d’água são de cristal. Terminada a refeição, a clientela é conduzida para o terceiro andar, que lembra um lobby de hotel. É onde café, doces e queijos são servidos.

Em funcionamento desde abril, o Atlântico 212 é mais uma novidade que se destaca, primeiramente, pela arquitetura. O empreendimento ocupa um imóvel de esquina com pilastras descascadas e ar industrial — trata-se do segundo empreendimento do fotógrafo Victor Collor e de Stefan Weitbrecht, que faz as vezes de chef. O primeiro negócio da dupla é o Cozinha 212, a poucos metros dali.

No Rio de Janeiro, a Casa 201 é só aconchego com suas paredes de tijolinhos à mostra e sua arrojada cozinha aberta, comandada pelo chef João Paulo Frankenfeld. O imóvel — que pertence à sócia dele, a empresária Cris Julião — ficou fechado durante oito anos até ser transformado na Casa 201. Quem a em frente ao imóvel sem saber do que se trata dificilmente imagina que ele abriga um restaurante. Ao chegarem, os clientes devem tocar a campainha — como fariam ao ir jantar na casa de amigos.

A Casa Horto, no mesmo bairro, se espalha por um casarão de 1839 que foi parcialmente reformado e parcialmente restaurado. Explica-se: uma parte do imóvel, morada de uma exuberante palmeira imperial, é tombada. O projeto é assinado pelo arquiteto João Uchôa, e a área interna pela arquiteta Vanessa Borges. Com dois andares, o empreendimento abriga quatro operações gastronômicas, um bar, um empório e os restaurantes P’Alma e Pátio — repare nos mesões de tronco de árvore deste último. Resta saber se a clientela sai de lá lembrando mais da comida e da bebida ou da arquitetura.  

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