A govtech Hauss Brasil venceu seis editais do programa federal Minha Casa, Minha Vida e utiliza tecnologias já empregadas em outros países
Casas da Hauss: startup mineira faturou R$ 120 milhões em um ano de operação (Hauss/Divulgação)
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 11h24.

Última atualização em 16 de janeiro de 2025 às 11h58.

Com um déficit habitacional que atinge 6 milhões de domicílios no Brasil, segundo a Fundação João Pinheiro, a startup mineira Hauss Brasil acredita ter encontrado uma solução inovadora. A empresa aposta em construções industrializadas para acelerar a entrega de moradias populares. Em seu primeiro ano, a startup mira faturamento de R$ 120 milhões e já venceu seis editais do programa federalMinha Casa, Minha Vida.

Criada em 2024 por Junior Bergamin, Paulo Curió, Jonatas Resende e Gilberto Bergamin, a Hauss combina as experiências de seus fundadores em engenharia, direito e gestão pública. O objetivo do grupo — que não se considera uma construtora, e sim uma govtech —é resolver desafios habitacionais em pequena escala, algo que grandes construtoras raramente conseguem atender de forma viável.

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A Hauss atende demandas específicas de municípios pequenos e de famílias com renda a partir de um salário mínimo. O primeiro conjunto habitacional foi finalizado em Itamogi, Minas Gerais, com 150 casas. “Conseguimos levar moradia para cidades menores, onde outras construtoras não atuam por falta de escala”, diz o cofundador.

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Casas da Hauss: govtech já conquistou seis editais do Minha Casa, Minha Vida (Hauss/Divulgação)

Como são as casas da Hauss?

A Hauss utiliza tecnologias como Light Steel Frame e Light Wood Frame, amplamente empregadas nos Estados Unidos e na Europa, mas ainda pouco difundidas no Brasil. Esses métodos consistem em estruturas leves de aço ou madeira que substituem a tradicional alvenaria.

As casas são “fabricadas” em Curitiba, onde os componentes são pré-montados com alta precisão. No terreno, tudo é finalizado em até 48 horas. A família pode se mudar já no dia seguinte, ou seja, 72 horas depois do início da obra.

As construções da Hauss também têm como pilar a sustentabilidade. Elas consomem 95% menos água e produzem quase nenhum resíduo sólido em comparação às obras tradicionais, que geram grandes volumes de entulho, segundo o cofundador.

As casas mantêm a temperatura interna em torno de 22ºC, mesmo em climas extremos, graças ao isolamento térmico avançado. Já o isolamento acústico é duas vezes superior às normas brasileiras.

“Levamos soluções completas, que combinam urbanização, sustentabilidade e infraestrutura”, explica Bergamin. Isso inclui garantir que as áreas escolhidas já possuam e básico, como escolas, creches, coleta de lixo e rotas de transporte público, evitando que novos bairros sejam criados sem a infraestrutura necessária para atender os moradores​.


Sócios da Hauss: Paulo Curió, Junior Bergamin, Gilberto Bergamin, Ricardo Braghiroli, e Jonatas Resende ( da esq. para a dir. ) (Hauss/Divulgação)

Por que não são mais comuns?

Embora mais rápidas e sustentáveis, essas técnicas de construção enfrentam resistência no Brasil. Por aqui, a "cultura da argamassa e do concreto", uma herança da colonização portuguesa, predomina.

“As pessoas ainda associam concreto a solidez e qualidade, o que cria uma barreira”, explica Bergamin. Essa resistência é maior em regiões como o Sudeste e Centro-Oeste. No Sul, onde há influência da colonização alemã, o uso de madeira e métodos industrializados é mais aceito.

As tecnologias usadas também são 30% mais caras que os métodos convencionais quando aplicadas em pequena escala. “Por isso, nossa estratégia é operar em linha de produção, como na indústria automotiva, reduzindo os custos por unidade”, diz o cofundador.

Outro obstáculo é a dependência do setor público, que frequentemente apresenta atrasos na aprovação de projetos e pagamentos. “O cronograma não é linear. Às vezes, ganhamos o edital, mas precisamos esperar meses até que a documentação esteja completa para começar a obra. Isso pode criar gargalos na produção”, diz.

Mesmo com esses desafios, a Hauss já planeja o futuro. Depois de ser adquirida pelo grupo logístico Expresso Nepomuceno, a startup deve expandir suas operações para o Sudeste, especialmente São Paulo, e abrir uma nova fábrica na região para atender à demanda crescente.

Temos capacidade para produzir até 4 mil casas por ano, mas queremos crescer com responsabilidade. É um mercado sensível e precisamos entregar com excelência, porque lidamos com os sonhos das pessoas”, diz Bergamin.

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