Warren Buffett: bilionário é CEO da Berkshire Hathaway (Daniel Zuchnik / Colaborador/Getty Images)
Repórter
Publicado em 21 de maio de 2025 às 15h04.
Em meio a um breve abalo no mercado, os 10 americanos mais ricos aumentaram sua fortuna em US$ 365 bilhões no último ano, revelou uma nova análise da Oxfam. Esse aumento impressionante equivale a um ganho diário de cerca de US$ 1 bilhão para esses bilionários.
Em contraste, o trabalhador médio dos Estados Unidos ganhou pouco mais de US$ 50 mil em 2023. A organização calculou que seriam necessários 726 mil anos para que 10 trabalhadores com renda mediana alcançassem esse mesmo valor.
“A riqueza dos bilionários aumentou astronomicamente enquanto tantas pessoas comuns lutam para sobreviver”, afirmou Rebecca Riddell, líder sênior de políticas para justiça econômica e racial da Oxfam América, em entrevista à CNN.
Para medir esses ganhos, a Oxfam analisou a mudança estimada no patrimônio líquido dos 10 maiores bilionários da lista da Forbes entre abril de 2024 e abril de 2025.
Somente Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX, acumulou US$ 186 bilhões nesse período. O empresário sul-africano é atualmente a pessoa mais rica do mundo. Um estudo recente apontou que Musk, figura central no retorno do ex-presidente Donald Trump à Casa Branca, está a caminho de se tornar o primeiro trilionário do planeta.
Outros bilionários como Mark Zuckerberg, CEO da Meta, e Rob Walton, herdeiro do Walmart, viram seu patrimônio crescer em US$ 38,7 bilhões cada. Já Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, acumulou US$ 34,8 bilhões, enquanto Jim Walton, outro herdeiro do Walmart, aumentou sua fortuna em US$ 36,5 bilhões.
Por outro lado, os cofundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, tiveram redução em seu patrimônio neste período: US$ 27,2 bilhões e US$ 25,4 bilhões, respectivamente. A lista analisada pela Oxfam também inclui Jeff Bezos e Steve Ballmer, mas as variações das fortunas de cada um não foram especificadas.
Esses dados destacam a enorme desigualdade de riqueza no país e surgem enquanto deputados republicanos debatem um projeto de lei que amplia cortes de impostos. Conhecida como “One Big Beautiful Bill Act”, a proposta aumentaria a renda média das famílias americanas, segundo a agência governamental Congressional Budget Office (CBO). Mas, esses ganhos não seriam distribuídos igualmente.
A Oxfam alerta que a medida, uma prioridade legislativa do governo de Donald Trump, beneficiaria ainda mais os ricos e cortaria quase US$ 1 trilhão de programas essenciais de segurança social.
“Estamos vendo um código tributário sendo elaborado que resultaria no primeiro trilionário do mundo”, disse Rebecca Riddell.
Para combater a desigualdade, alguns políticos progressistas defendem um imposto sobre a riqueza de ultra-milionários e bilionários. A Oxfam calculou que um imposto de 3% sobre patrimônio acima de US$ 1 bilhão arrecadaria US$ 50 bilhões apenas dos 10 americanos mais ricos — valor suficiente para oferecer assistência alimentar por um ano a 22,5 milhões de pessoas.
No entanto, a tributação de riqueza enfrenta desafios, como a dificuldade em avaliar o patrimônio líquido e questionamentos sobre a constitucionalidade desse tipo dessa medida.
A maior parte dos cortes beneficiaria os 10% mais ricos. Legisladores discutem a possibilidade de estender a Lei de Cortes de Impostos e Empregos de 2017, a principal reforma tributária do governo Trump. O projeto, em tramitação na Câmara, tornaria permanentes quase todas as isenções do imposto de renda da lei de 2017 e cortaria temporariamente impostos sobre gorjetas e horas extras.
Segundo o Congressional Budget Office, os recursos das famílias mais pobres, nos 10% de menor renda, cairiam 4% até 2033, enquanto os 10% mais ricos veriam aumento de 2% em razão dos cortes fiscais.
Uma análise da Universidade da Pennsylvania prevê que o projeto elevaria o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 0,5% em 10 anos e 1,7% em 30 anos, impulsionado por maior poupança e oferta de trabalho.
Mesmo assim, os ganhos financeiros concentrariam-se nos mais ricos: 65% do valor total da legislação beneficiaria os 10% com maior renda, enquanto os 20% mais pobres perderiam cerca de US$ 1.035 em 2026, devido a cortes em programas como Medicaid e vale-alimentação.
Kent Smetters, professor da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, disse à CNN americana que os 10% mais ricos receberiam cerca de US$ 3,1 trilhões em cortes fiscais ao longo de 10 anos. Ele ressaltou que o sistema tributário dos EUA é “muito progressivo”, com esse grupo pagando cerca de 70% dos impostos federais de renda e folha de pagamento.
A senadora democrata Elizabeth Warren criticou o projeto republicano, chamando-o de “presente” para os ricos. “Donald Trump e os republicanos no Congresso estão tentando aprovar enormes isenções fiscais para os americanos mais ricos — milionários e bilionários que estão ficando mais ricos a cada dia. Bilionários não precisam de outra folga, os trabalhadores sim”, afirmou.
Por sua vez, a Casa Branca defende que as prioridades orçamentárias de Trump ajudariam os americanos a prosperar, ampliando os ganhos conquistados no primeiro mandato. “A desigualdade de riqueza nos Estados Unidos diminuiu pela primeira vez em décadas”, afirmou o governo em um comunicado.