Presidente alega que armamento teria sido usado recentemente por americanos durante exercícios militares na Dinamarca próximos ao território russo
Vladimir Putin, presidente da Rússia (NATALIA KOLESNIKOVA/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 28 de junho de 2024 às 20h10.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin , afirmou nesta sexta-feira que o país deveria voltar a produzir mísseis de médio alcance, cuja fabricação esteve proibida por décadas graças a um tratado firmado com os Estados Unidos durante a Guerra Fria. Desde 2019, no entanto, o acordo não está mais em vigor.

— Parece que devemos começar a produzir esses sistemas de bombardeio — assinalou o presidente russo em uma reunião com funcionários de segurança do alto escalão.

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Segundo Putin, a motivação seria o uso recente do armamento por tropas americanas durante exercícios militares na Dinamarca. Em maio, os EUA realizaram, pelo terceiro ano seguido, treinamentos na ilha de Bornholm, que dá o ao Mar Báltico e está localizada a 360km do território russo — distância que poderia ser alcançada pelos mísseis em questão. No mesmo mês, o presidente russo ordenou exercícios nucleares perto da Ucrânia.

— Devemos agir diante disso e tomar decisões sobre o que devemos fazer em seguida neste contexto. Em função da realidade da situação, tomaremos decisões sobre onde posicioná-los para nossa segurança — afirmou o líder russo.

A fala de Putin faz referência à classe de mísseis com alcance entre 500 e 5,5 mil quilômetros, que antes estava submetida ao Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), o primeiro acordo de não proliferação nuclear firmado entre Washington e Moscou durante a Guerra Fria. Assinado em 1987, o tratado levou à destruição de 2.692 mísseis em apenas quatro anos.

O acordo começou a ruir em 2014, quando os EUA, na época governado por Barack Obama (2009-2017), alegaram pela primeira vez que a Rússia estaria violando o INF. A avaliação foi reiterada pelo Departamento de Estado nos anos seguintes, mas foi negada por Moscou, que devolveu as acusações a Washington.

Em 2017, já sob a presidência de Donald Trump, o governo americano divulgou uma estratégia para combater as supostas violações russas ao INF. A tensão se aprofundou em 2018, quando os EUA anunciaram a sua intenção de romper com o acordo, citando preocupações também com o arsenal de mísseis intermediários chineses.

O tratado foi suspenso por ambas as partes em 2019. À época, a Rússia garantiu que cumpriria uma moratória sobre a produção dessas armas se os americanos não as posicionassem a uma distância que pudessem atingir o território russo.

Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, diversos tratados firmados entre Washington e Moscou para limitar a corrida nuclear foram rescindidos nos últimos anos. O último foi no ano ado, quando a Rússia saiu do Novo START, sobre o uso de armamento nuclear estratégico.

Por outro lado, os EUA entregaram à Ucrânia mísseis com alcance suficiente para atingir o território russo, embora o seu uso estivesse limitado à zona de guerra. Desde o mês ado, porém, os americanos liberaram a utilização contra alvos na Rússia.

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