Expectativa é de que aproximadamente 4.500 notificações sejam enviadas ainda nesta semana
Repórter de agro e macroeconomia Publicado em 5 de maio de 2025 às 14h46. Última atualização em 5 de maio de 2025 às 14h52.
O governo interino de Portugal vai notificar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização legal. O anúncio foi feito no sábado, 3, pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro. Segundo ele, o governo começará a emitir notificações solicitando que esses imigrantes deixem voluntariamente o país .
A expectativa é de que aproximadamente 4.500 notificações sejam enviadas ainda nesta semana, com prazo de 20 dias para que os destinatários deixem o país por conta própria. “Quem não cumprir a ordem terá de ser afastado coercivamente”, afirmou Amaro.
O ministro estima que o número de notificações aumente nas próximas semanas, já que Portugal acumula uma fila de cerca de 110 mil pedidos de residência ainda pendentes de análise.
Em entrevista à rádio portuguesa Observador, Amaro declarou que cerca de dois terços dos 18 mil pedidos são de cidadãos oriundos da Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão.
A medida ocorre às vésperas das eleições legislativas antecipadas , marcadas para o dia 18 de maio.
Na semana ada, o ministro afirmou à imprensa portuguesa que “Portugal precisa rever seu sistema de deportação, que não funciona”. Segundo Amaro, o país está entre os três da Europa que menos executam deportações, mesmo em casos que envolvem questões de segurança.
O anúncio de Amaro foi feito na véspera do início oficial da campanha para as eleições gerais em Portugal, marcadas para 18 de maio— avotação vai renovar o Parlamento, após a queda do primeiro-ministro Luís Montenegro .
A crise que levou à renúncia do premiê foi desencadeada por um escândalo envolvendo um escritório de advocacia ligado à sua família, suspeito de ter recebido pagamentos de uma empresa favorecida com concessões para jogos de azar — o que levantou acusações de conflito de interesse.
As eleições foram convocadas em março, após Montenegro, do Partido Social Democrata (PSD), perder um voto de confiança no Parlamento . Seu governo, que durou menos de um ano, era formado por uma aliança entre dois partidos que juntos somavam apenas 80 dos 230 assentos legislativos.
Ao tentar conter a crise, o então primeiro-ministro convocou eleições antecipadas . No entanto, os principais partidos da oposição — liderados pelos socialistas e pelo Chega, de extrema-direita — uniram forças e conseguiram derrubar o governo. Juntas, essas siglas controlam 128 cadeiras no Parlamento.
Desde a redemocratização iniciada com a Revolução dos Cravos em 1974, Portugal não enfrentava uma instabilidade política tão acentuada — a queda do governo em março marcou o momento mais crítico em 50 anos de democracia no país.