O presidente da Argentina, Javier Milei, durante comício em Buenos Aires em 18 de maio (AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 21 de maio de 2025 às 10h14.
O presidente da Argentina, Javier Milei, chamou sonegadores de impostos de 'heróis' e disse lamentar por aqueles que seguiram as regras e não 'conseguiram sair do sistema'.
Milei deu as declarações em entrevista ao canal de notícias A24. Ele comentava a iniciativa do governo de anistiar quem tem dinheiro não declarado e trazer os recursos de volta ao sistema bancário.
"O que definimos como ilícito são pessoas que tentaram se proteger de políticos ladrões. Digamos que são heróis", afirmou o presidente.
O apresentador então perguntou como ficaria a situação de quem cumpriu as regras e pagou os impostos devidos.
"Digamos que talvez eles não tiveram talento ou coragem o que seja para sair do sistema. Lamento que não conseguiram escapar. Mas o outro não fez nada de errado", afirmou.
Milei foi eleito com a bandeira de reduzir o tamanho do estado, a quem culpa pela crise econômica da Argentina, que dura décadas. Em várias ocasiões, ele já fez ataques ao pagamento de impostos e ao sistema político, que considera corrupto.
Nos próximos dias, seu governo deverá anunciar mais um programa para atrair de volta recursos não declarados, sem fazer perguntas. A medida teria sido adiada para não gerar efeitos nas eleições locais em Buenos Aires, segundo a imprensa argentina. O partido de Milei foi o mais votado na disputa.
Na Argentina, é mais comum guardar dinheiro em casa, por receio de intervenções bancárias como as que ocorreram em 2001. O governo argentino estima que haja entre US$ 200 bilhões e US$ 400 bilhões fora do sistema bancário no país.
Para Milei, os dólares economizados pelos argentinos ajudarão o país a ter mais recursos no sistema bancário para honrar compromissos. Criticos da medida, no entanto, ponderam que a anistia pode abrir espaço para que dinheiro de origem criminosa seja legalizado.