Universidade entrou com ações judiciais contra as medidas do presidente norte-americano
Estudantes fazem protesto em Harvard, em apoio aos alunos estrangeiros, no campus da Universidade Harvard em Boston, Massachusetts (Rick Friedman / AFP)

Estudantes fazem protesto em Harvard, em apoio aos alunos estrangeiros, no campus da Universidade Harvard em Boston, Massachusetts (Rick Friedman / AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 28 de maio de 2025 às 10h43.

Estudantes de Harvard protestaram na terça-feira, 27, após o governo dos Estados Unidos anunciar que cancelaria todos os contratos restantes com a universidade, na mais recente tentativa do presidente Donald Trump de impor uma supervisão sem precedentes à prestigiosa instituição.

A universidade provocou a ira do republicano ao se recusar a ceder o controle sobre seus currículos, issões e pesquisas.

Centenas de estudantes se reuniram para se opor à crescente ofensiva de Trump, incluindo as medidas anunciadas na terça-feira, avaliadas em cerca de US$ 100 milhões.

Com cartazes contendo frases como "Trump = traidor", uma multidão gritava "aos que estão nas aulas hoje, deixem que fiquem", um lema em alusão aos estudantes estrangeiros cujo status foi colocado em risco quando Trump revogou a autorização de Harvard para receber estudantes e visitantes de intercâmbio.

Uma juiza emitiu uma ordem suspendendo a decisão até uma audiência marcada para quinta-feira. As cerimônias de formatura de milhares de estudantes já começaram esta semana no campus de Cambridge, Massachusetts, onde também estão presentes suas famílias.

'Eles não sabem o que esperar'

- Eu me formo esta semana e não é apenas minha última semana como estudante de Harvard, é também uma semana muito importante, pois todos os meus amigos estrangeiros, colegas, professores e pesquisadores estão em risco e sob ameaça de deportação ou de serem transferidos para outra universidade - disse Alice Goyer, vestida com beca preta durante o protesto.

- Como estudante americana, é minha responsabilidade defendê-los - acrescentou.

Um estudante britânico de História da Medicina, que se identificou apenas como Jack, disse que as políticas implementadas por Trump podem tornar as universidades americanas menos atraentes para estudantes estrangeiros.

- A tempestade pode ar, mas o dano já estará feito - disse o estudante, cujos pais vieram do Reino Unido para sua formatura, sugerindo que as medidas podem ser revertidas na Justiça.

- Os (estudantes estrangeiros) que estão aqui não sabem o que esperar, e os que estão fora não sabem se poderão voltar... Não sei se faria um doutorado aqui, seis anos é muito tempo - acrescentou.

A própria universidade entrou com ações judiciais contra as medidas do presidente americano, que, segundo especialistas legais, podem ser anuladas nos tribunais.

'Radicalizados, baderneiros'

O fim dos contratos, que segundo a imprensa americana somariam US$ 100 milhões, marcaria a ruptura dos laços comerciais entre o governo e uma instituição que é, ao mesmo tempo, a universidade mais antiga do país e uma potência mundial em pesquisa.

A istração Trump acusa Harvard de permitir o antissemitismo e de promover valores liberais. Nas últimas semanas, essa instituição de elite viu bilhões de dólares em subsídios serem congelados. A universidade reagiu. Argumenta que as decisões de Trump são inconstitucionais e paralisariam sua capacidade de funcionamento.

Harvard entrou com uma ação judicial para impedir a revogação de seu direito de contratar e patrocinar estudantes estrangeiros — que representam 27% do total de matriculados — assim como para anular o corte de financiamento federal.

Na segunda-feira, Trump prometeu continuar sua ofensiva. Em uma mensagem nas redes sociais, afirmou que entre os estudantes estrangeiros de Harvard havia "lunáticos radicalizados, baderneiros".

Acompanhe tudo sobre:HarvardFaculdades e universidadesDonald Trump

Mais de Mundo

Mais de mil oficiais da Força Aérea de Israel assinam carta contra guerra

Deportações viram negócio lucrativo sob Trump e movimentam bilhões nos EUA, diz jornal

Governo decreta emergência em província do Panamá, após empresa demitir 5 mil funcionários em greve

Ouro e prata como dinheiro? Flórida avança para aceitar metais como forma de pagamento

Mais na Exame