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Colômbia assina acordo com a China para aderir à Iniciativa Cinturão e Rota

Decisão do presidente Gustavo Petro, anunciada na semana ada, antes de sua viagem a Pequim, pode irritar os Estados Unidos, principal parceiro comercial e aliado estratégico de Bogotá

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 14 de maio de 2025 às 07h36.

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A Colômbia assinou nesta quarta-feira, 14, um acordo com a China para aderir à Iniciativa Cinturão e Rota, um programa bilionário de Pequim para financiar investimentos em infraestrutura em outros países e aumentar sua influência global.

A decisão do presidente esquerdista Gustavo Petro, anunciada na semana ada, antes de sua viagem a Pequim, pode irritar os Estados Unidos, principal parceiro comercial e aliado estratégico de Bogotá.

"Já entramos na Rota da Seda", como também é conhecido este programa chinês, afirmou Petro em um comunicado de seu gabinete após uma reunião com o homólogo Xi Jinping.

"Os dois chefes de Estado compareceram à de um plano de cooperação entre os dois governos para construir, em conjunto, o Cinturão Econômico da Rota da Seda e a Rota Marítima da Seda do século XXI", afirmou a agência estatal chinesa Xinhua.

O presidente chinês fez um apelo aos dois países para que "aproveitem a oportunidade da adesão formal da Colômbia à família da Iniciativa Cinturão e Rota para promover uma qualidade maior em sua cooperação", segundo a agência.

Petro afirmou na rede social X que a iniciativa "muda a história de nossas relações externas". "A partir de agora, a Colômbia se relaciona com o mundo inteiro em pé de igualdade e liberdade", completou.

O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia celebrou a do acordo, "um o histórico que abre novas oportunidades de investimento" entre as nações.

Dois terços dos países da América Latina já aderiram ao projeto, central na estratégia do presidente Xi para expandir a influência econômica e política da China.

Aproximação da China

Em uma reunião de cúpula com a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) na terça-feira em Pequim, Xi se apresentou como um parceiro confiável em tempos de "confronto" e "protecionismo". E prometeu US$ 9,2 bilhões (R$ 51 bilhões) em créditos para o desenvolvimento na América Latina e no Caribe.

A região é um dos principais alvos de Pequim, que já é o principal parceiro comercial de países como Brasil, Peru e Chile, e deseja ser um símbolo do multilateralismo, como o presidente Xi reiterou em um encontro nesta quarta-feira com seu homólogo chileno, Gabriel Boric.

"Como defensores sólidos do multilateralismo e do livre comércio, China e Chile devem fortalecer a coordenação multilateral e proteger, juntos, os interesses comuns do Sul Global", declarou Xi a Boric, segundo a agência Xinhua.

"Ambos concordamos na importância de fortalecer em conjunto áreas como comércio, investimentos, colaboração em ciência antártica, transição energética, desenvolvimento sustentável e cultura. Além disso, apoiamos o multilateralismo como via para enfrentar os desafios do nosso tempo", afirmou o presidente chileno na rede social X.

Na Colômbia, Washington permanece como principal parceiro comercial, mas as importações chinesas já superam as americanas e o país asiático está envolvido em investimentos estratégicos, como a construção do metrô de Bogotá.

Diante das críticas da oposição e de empresários à adesão, devido ao temor de represálias comerciais dos Estados Unidos, o presidente colombiano defendeu a decisão.

"Vamos falar com Xi Jinping de igual para igual, não como ajoelhados", afirmou antes da viagem.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já enviou uma mensagem aos países latino-americanos próximos a Pequim, ao ameaçar o Panamá com a retomada do canal interoceânico devido a uma suposta interferência chinesa em seus portos. O país da América Central cancelou, em fevereiro, sua adesão à Iniciativa Cinturão e Rota.

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