Agência de notícias
Publicado em 6 de maio de 2025 às 15h32.
Última atualização em 6 de maio de 2025 às 15h50.
O novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, advertiu nesta terça-feira, 6, que seu país "nunca estará à venda" durante uma reunião na Casa Branca com Donald Trump, que, por outro lado, disse que seria um "casamento maravilhoso" se o vizinho do norte se tornasse o 51º estado dos Estados Unidos.
Apesar dos sorrisos, a tensão entre os dois era palpável durante esse primeiro encontro cara a cara. A relação bilateral do Canadá com os Estados Unidos, seu principal parceiro comercial, atravessa turbulências devido à guerra comercial iniciada por Trump desde que retornou ao poder em janeiro.
Carney prometeu enfrentar Trump, mas deve evitar irritá-lo para não fechar a porta para um acordo comercial. À pergunta sobre se gostaria que o Canadá fosse o primeiro país a um acordo comercial com os Estados Unidos, Trump respondeu: "Eu adoraria". "Temos algumas questões difíceis a discutir", acrescentou, no entanto.
Antes de sua chegada, o magnata republicano deu uma ideia de como seria a reunião. "Por que os Estados Unidos subsidiam o Canadá com 200 bilhões de dólares por ano, além de dar-lhes proteção militar GRATUITA e muitas outras coisas">
"Não precisamos de NADA do que eles têm, exceto da sua amizade, que, com sorte, sempre manteremos", acrescentou.
Na Casa Branca, os dois homens trocaram um aperto de mãos, e Trump insistiu que seria um "casamento maravilhoso" se o Canadá aceitasse seus reiterados apelos para se tornar o 51º estado dos Estados Unidos. Carney, no entanto, rejeitou a proposta, dizendo: "Há lugares que nunca estão à venda (...) não estão à venda. Nunca estarão à venda".
Trump impôs tarifas de 25% ao Canadá e ao México, apesar de serem parceiros do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC). Os vizinhos também foram afetados pelas tarifas aduaneiras impostas por Washington a vários setores, como o automobilístico, embora algumas tenham sido temporariamente suspensas para dar margem às negociações.
Carney prometeu transformar a relação do Canadá com os Estados Unidos. "Nossa antiga relação, baseada em uma integração cada vez maior, chegou ao fim. A questão agora é como nossas nações irão cooperar no futuro", declarou Carney na sexta-feira.
O presidente dos Estados Unidos se intrometeu nas eleições canadenses desde o início, ao afirmar nas redes sociais que o Canadá enfrentaria "TARIFAS ZERO" se "se tornasse o precioso 51º estado".
Carney, que substituiu Justin Trudeau como primeiro-ministro em março, convenceu os eleitores de que sua experiência na gestão de crises econômicas o tornava o candidato ideal para enfrentar Trump. Recém-chegado à política, Carney foi anteriormente presidente do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra.
Carney é conhecido por medir as palavras, mas desta vez enfrenta o irascível Trump em território americano. "Este é um momento muito importante para ele, já que insistiu durante a campanha que poderia enfrentar Trump", declarou à AFP Genevieve Tellier, cientista política da Universidade de Ottawa.
O primeiro-ministro canadense tentará evitar o destino do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que sofreu uma reprimenda pública brutal de Trump e do vice-presidente JD Vance em fevereiro. Um ponto a favor de Carney é que ele não é Trudeau, o ex-primeiro-ministro que Trump odiava e desprezava, chamando-o de "governador" do Canadá.