São Paulo - O preço e a facilidade de revender um carro podem pesar na hora de fazer uma compra. Afinal, veículos não são como imóveis e necessariamente perderão valor com o ar do tempo. Segundo o consultor de marketing e comportamento da Federação das Associações de Revendedores (FENAUTO), Homero Fischer, a desvalorização média de um carro zero pode variar entre 20% e 30% no primeiro ano, e entre 10% e 20% nos anos subsequentes, dependendo da marca e do modelo. Alguns modelos, porém, se destacam pela baixa desvalorização. Não por acaso, são carros fabricados no Brasil, baratos, muito procurados, econômicos no consumo e de manutenção de baixo custo. Dos cinco que menos perdem valor, quatro estão entre os dez mais vendidos do país, com preço na faixa dos 20.000 reais. Na outra ponta, entre os que mais se desvalorizam, estão os importados, luxuosos, com peças de reposição caras, beberrões de combustível e preços acima de 100.000 reais. Quem busca um carro zero vai encontrar vantagens nos cinco primeiros modelos dessa lista; já quem procura um seminovo pode achar os cinco últimos interessantes. Confira a seguir os carros que perdem mais e menos valor segundo o índice divulgado bimestralmente pelo Auto Informe, com base na tabela Molicar de preços de veículos.

O Chevrolet Celta Nova Geração Flexpower lidera a lista de carros que sofrem baixa depreciação. O modelo vem mantendo o primeiro lugar nos últimos levantamentos Auto Informe/Molicar. As versões Life e Spirit de quatro portas desvalorizaram apenas 9,4% de abril de 2010 a abril de 2011, mas mesmo as versões de duas portas perderam pouco valor, apenas 10,5% no período. O Celta vem com motor 1.0 VHCE 8 válvulas flex em todas as versões. É um carro popular de grande demanda e manutenção barata.

Focado em economizar combustível, o Fiat Palio Economy com motor Fire 1.0 8v flex levou a segunda posição, também mantida nos últimos rankings divulgados pela Auto Informe. A depreciação em abril de 2011 foi de 9,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior para a versão de quatro portas. Mas mesmo a de duas portas não fica muito atrás, tendo desvalorizado apenas 9,8%. O Palio Fire Economy é um dos carros mais baratos da Fiat no Brasil. O Palio Flex Nova Série com motor ELX também vem enfrentando baixa desvalorização em 12 meses: 10,9% para a versão 1.4, 11,1% para a versão 1.0 quatro portas e 11,4% para a versão 1.0 com duas portas.

O Mille Economy com motor Fire 1.0 8v flex quatro portas é o terceiro que menos desvaloriza em um ano. A depreciação foi de apenas 9,9% de abril de 2010 a abril de 2011. Além de ser o veículo mais barato da Fiat – e um dos mais baratos do Brasil – a economia de combustível é um dos grandes trunfos do Mille Economy. De acordo com pesquisa do Inmetro, o carro é o mais econômico do Brasil, rodando 8,9 km/L com etanol e 12,7 km/L com gasolina. A versão de duas portas também apresenta desvalorização modesta, de apenas 10,2% em 12 meses. O Mille Economy possui ainda as versões Way de quatro portas, com depreciação de 10,9% em um ano, e a Way de duas portas, com desvalorização de 11,1% em um ano.

A versão de cabine dupla de preço mais ível da picape da Fiat é a que apresenta menos depreciação em 12 meses. A desvalorização foi de 10,9% entre abril de 2010 e abril de 2011 para a versão Working de motor 1.4 8v flex, voltada para trabalho pesado. Diferente dos demais carros que perdem pouco valor ao cabo de um ano, todos na faixa dos 20.000 reais, a Fiat Strada custa em torno de 40.000 reais.

O carro mais vendido do Brasil não poderia ter ficado de fora da lista dos que menos desvalorizam após um ano. A versão com melhor desempenho nesse quesito é o Gol Geração 5 motor 1.0 8v flex de quatro portas, que depreciou 11,2% entre abril de 2010 e abril de 2011.

Na contramão dos carros baratos e populares, os carros mais luxuosos veem uma desvalorização bem maior, por encontrarem uma base menor de compradores e muitas vezes terem peças caras ou de difícil reposição. É o que acontece com importados como o at Variant, que tem sido o carro mais depreciado nos últimos levantamentos Auto Informe/Molicar. Em abril de 2011, a perua havia desvalorizado 24,3% após um ano de uso. Trata-se da versão com motor Turbo 2.0 FSI, câmbio Tiptronic, a gasolina e com quatro portas. As peças caras pesam na hora da reposição, mas a desvalorização acaba tornando o carro um bom negócio para quem busca um seminovo e não está muito preocupado com a revenda.

A Volks também levou o segundo lugar entre os carros que mais perdem valor com o utilitário esportivo Tiguan motor 4Motion 2.0 TSI a gasolina, com câmbio tiptronic e quatro portas. A depreciação do importado foi de 24,2% em 12 meses.

Apesar de mais barata do que outras minivans, a importada Kia Carnival ainda apresenta preço e depreciação de carro de luxo. Com modelo zero na faixa dos 140.000 reais, o carro coreano apresentou desvalorização de 23,8% em abril de 2011 após um ano de uso. Trata-se da versão com motor EX-AT 3.8 V6 24v a gasolina, com quatro portas. Pode até ser que uma Carnival zero não valha muito a pena para quem pensa na revenda, mas talvez apostar numa seminova seja a saída para quem precisa de um carro desse porte. A minivan da Kia vem disputando o terceiro lugar com o próximo da lista, o Chevrolet Omega.

O sedã de luxo da Chevrolet, outrora produzido no Brasil, agora é exclusivamente importado. O Omega CD 3.6 SFI V6 automático a gasolina, com quatro portas, assistiu, em abril de 2011, a uma desvalorização de 23,6% após um ano de uso. Nos últimos rankings do índice Auto Informe/Molicar, o sedã vem alternando com o Kia Carnival a terceira e a quarta colocações entre os carros que mais perdem valor.

O crossover de luxo da Hyundai também experimenta considerável depreciação após 12 meses de uso. O Veracruz, com motor 4X4 CVT 3.8 V6 a gasolina, com quatro portas, apresentava desvalorização de 22,8% em abril de 2011.