Oferta veio acompanhada de anúncio de uma distribuição robusta de dividendos das duas companhias
Publicado em 15 de maio de 2025 às 19h45. Última atualização em 15 de maio de 2025 às 20h55.
A Marfrig anunciou nesta quinta-feira, 15, uma oferta para comprar integralmente a BRF,dona das marcas Sadia e Perdigão. A união cria uma empresa de receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses e com 38% do portfólio de produtos processados.
A oferta veio acompanhada de um anúncio de uma enorme distribuição de dividendos: a BRF vai pagar R$ 3,5 bilhões aos acionistas e os proventos da Marfrig somarão R$ 2,5 bilhões. A transação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig em uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig por cada ação da BRF detida, considerando a distribuição máxima de proventos.
Atualmente, a empresa é dona de 50,5% do capital social da empresa. A dona da Sadia e da Perdigão garantiu à Marfrig o a outro mercado, o de aves e suínos, e a uma geração de caixa robusta, no momento em que os negócios de proteína bovina sofrem com a escassez de gado.
Desde o avanço da Marfrig na BRF, as empresas extraíram diversas sinergias. Para uma próxima etapa de capturas adicionais, a combinação de negócios é essencial, segundo as companhias.
O conhecimento entre Marfrig e BRF permite uma visão clara das oportunidades existentes e mitiga o risco da execução, argumentam as empresas. As sinergias já mapeadas foram agrupadas e somam um total de R$ 805 milhões por ano, sendo entre R$400 milhões e R$ 500 milhões previstos para os primeiros 12 meses e o restante no médio e longo prazo. "Esses R$ 805 milhões de sinergias mapeadas só seriam capturadas em uma fusão", diz Miguel Gularte, CEO da BRF.
Na frente de receitas e custos, por meio de iniciativas de cross-selling e sinergias na cadeia de suprimentos, a empresa estima atingir R$ 485 milhões por ano. Estima-se uma redução de despesas na ordem de R$ 320 milhões anuais, com iniciativas como a unificação de estrutura comercial e logística, consolidação de um sistema operacional único e otimização da estrutura corporativa.
Seguindo as regras tributárias vigentes, a companhia também poderá se beneficiar de otimização fiscal, como, por exemplo, a aceleração da monetização de créditos tributários nas esferas federal e estadual. Com base nas estimativas atuais da empresa, essa frente deve gerar R$ 3 bilhões a valor presente.
O movimento consolida uma fusão especulada desde 2021, quando a Marfrig avançou com apetite voraz na BRF chegando a uma participação de 25% comprada em bolsa em poucos pregões, mas prometendo uma posição 'iva', o que deixou muitos investidores à época coçando a cabeça.
Ao longo daquele ano, ele foi aumentando sua participação até superar os 30% e ficar perto da barreira de um terço do capital que dispararia a necessidade de uma oferta pelo controle da companhia.
A poison pill só foi abandonada em julho de 2023, quando a BRF chamou um cheque de R$ 4,5 bilhões para reduzir seu endividamento, com boa parte bancada pela empresa de Marcos Molina, que chegou a 40%. (A Salic, da Arábia Saudita, entrou na operação e ficou com uma fatia de 16%.)
O controle inconteste veio em dezembro daquele ano, quando a Marfrig voltou às compras e gastou mais R$ 300 milhões para chegar a 50,5% do capital.