Para o BTG Pactual, nova modalidade, que engloba apenas consultas e exames e não envolve internações, é mais uma oportunidade do que um risco para a operadora de planos de saúde populares
Editora do EXAME IN Publicado em 22 de abril de 2025 às 12h02. Última atualização em 22 de abril de 2025 às 12h04.
Uma proposta para a criação de planos de saúde ambulatoriais com mensalidades em torno de R$ 100 deve ganhar impulso com o apoio do governo federal. Segundo publicado pela coluna Radar, da Veja, neste fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia dar apoio à nova modalidade, que inclui apenas exames e consultas e não envolve internações.
De acordo com a publicação, a medida faz parte de uma iniciativa liderada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pode ser incorporada a um pacote mais amplo de reestruturação do SUS, voltado para acelerar atendimentos em áreas como oncologia, cardiologia e ortopedia.
Apesar do tíquete médio de R$ 100 sugerir uma sobreposição com o público-alvo da Hapvida (HAPV3), o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) vê a proposta mais como uma oportunidade do que como uma ameaça direta à operadora. “O mercado-alvo desses planos populares é distinto”, diz o relatório.
“Mais de dois terços dos planos privados atuais são corporativos, onde o risco de canibalização é baixo. Já nos planos individuais, apenas 15% dos usuários têm entre 19 e 33 anos — faixa etária que parece ser o principal foco desses novos produtos”, escreveu o analista Samuel Alves.
Além disso, a verticalização da infraestrutura da Hapvida — ou seja, o controle de toda a cadeia, dos hospitais às clínicas e laboratórios — é apontada como uma vantagem competitiva relevante caso a empresa decida competir nesse nicho.
A ANS estima que cerca de 50 milhões de pessoas recorrem atualmente a serviços de saúde paralelos e não regulados, como cartões de benefícios. A nova modalidade de plano teria como objetivo formalizar parte dessa demanda, com uma estimativa inicial de atrair até 10 milhões de usuários.
Segundo o BTG, o eventual apoio público — que pode incluir subsídios ou parcerias com o SUS — ajudaria a destravar a regulação e acelerar a implementação dos produtos. A proposta também é vista como uma forma de melhorar a percepção do governo em relação à gestão da saúde, um tema sensível do ponto de vista político.
O banco ainda avalia que o avanço dessa proposta pode indicar perda de tração de mudanças regulatórias mais controversas, como a ampliação compulsória de coberturas e o endurecimento das regras para planos empresariais de pequenas e médias empresas. Essas iniciativas, que geraram ruído recentemente, têm mostrado pouco avanço nos últimos meses.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) já vinha conduzindo discussões sobre o tema dos planos populares e aprovou em fevereiro um projeto-piloto dentro do contexto de “sandbox regulatório”. A expectativa é que o tema volte à pauta da ANS na próxima reunião de diretoria, marcada para 28 de abril.