B3: Santander vê Ibovespa a 160 mil pontos no fim do ano (Germano Lüders/Exame)
Publicado em 2 de junho de 2025 às 12h08.
Última atualização em 2 de junho de 2025 às 13h57.
Corroborando o bom momento para a bolsa brasileira, o Santander elevou sua projeção para o Ibovespa para o fim de 2025 de 145 mil para 160 mil pontos.
A mudança reflete em grande parte a redução do custo de capital, de 16,5% para 15,5% – indicando a proximidade do fim do ciclo de aperto monetário e a redução dos riscos para a economia doméstica.
O banco também vê um bom momento puxado pela volta dos gringos. Em maio, houve entrada de cerca de R$ 10 bilhões em capital estrangeiro.
No mês, somente o EWZ, principal ETF de Brasil negociado nas bolsas americanas, atraiu R$ 2,5 bilhões em fluxo, o seu melhor desempenho desde 2021.
“Os investidores estão sendo atraídos por uma combinação interessante: valuations atrativos e a possibilidade de queda nas elevadas taxas de juro reais”, escrevem a estrategista-chefe, Aline de Souza Cardoso, e o estrategista de ações, Guilherme Bellizzi Motta, em relatório.
E a equipe vê um novo fator que pode favorecer ainda mais esse fluxo.
Na proposta de Orçamento para 2025 enviada por Donald Trump ao Congresso – sua famosa ‘One Big Beautiful Bill' – inclui uma seção para aumentar os impostos sobre dividendos de ações no país feitas por entidades estrangeiras.
A seção 899, classificada como uma ‘bomba-relógio’ para os investidores pelo Financial Times, visa elevar os impostos sobre dividendos de investimentos em ações feitos por entidades estrangeiras.
A cláusula permite ao Tesouro dos EUA impor penalidades a “pessoas pertinentes” de “países estrangeiros discriminatórios”, ao aumentar o imposto de renda federal sobre seus investimentos nos EUA e as alíquotas do imposto retido na fonte em até 20 pontos percentuais, em uma escala variável.
Na prática, mesmo investidores hoje beneficiados por acordos de bitributação, como os de países da OCDE, podem acabar pagando mais.
“Se aprovada, a medida pode desestimular o investimento estrangeiro em ações dos EUA, impulsionando mais rotação para mercados internacionais como o Brasil”, afirma o Santander.
Após um forte primeiro semestre do ano, impulsionado principalmente pela queda do custo de capital e uma reprecificação dos ativos de risco, o Santander acredita que as ações brasileiras podem estar entrando em uma nova fase.
Depois de um vento de cauda macro que puxou muitas ações da bolsa, o banco avalia que agora chegou a hora de olhar mais para as histórias microeconômicas, de cada empresa.
“Entramos numa fase que recompensa mais a seletividade do que uma exposição ampla por setores. Dado o cenário externo mais benigno [incluindo um dólar mais fraco], acreditamos que, daqui em diante, o mercado tenderá a dar peso cada vez maior aos fundamentos bottom-up”, afirmam os executivos.
Nesse cenário, o banco fez ajustes táticos na sua carteira recomendada. Após a forte valorização no acumulado do ano, o Santander realizou lucros e retirou C&A (CEAB3) da carteira, dando lugar a Lojas Renner (LREN3).
Depois de um balanço ruim, sai Banco do Brasil (BBAS3) e entra BTG Pactual (BPAC11), “que vem se destacando pela resiliência aos ciclos sazonais, sustentado por uma estrutura de custos enxuta e boa eficiência operacional”, afirma o banco.
A TOTVS (TOTS3) também foi retirada da carteira após o desempenho expressivo nos primeiros meses do ano, dando lugar à Rede D’Or (RDOR3), empresa com forte perfil de crescimento e expansão de margens.
Para acomodar as mudanças na carteira, os analistas reduziram a exposição a WEG (WEGE3), Vale (VALE3) e Copel (LE6). A decisão reflete, na avaliação da equipe, a preferência por outras ações de maior potencial de valorização no cenário atual.
Completam o portfólio recomendado para o mês: Itaúsa (ITSA4), Motiva (MOTV3), Suzano (SUZB3), Sabesp (SBSP3), Mercado Livre (MELI), Direcional (DIRR3), Cyrela (CYRE3), SmartFit (SMFT3) e Petrobras (PETR3).