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Vai, tourinho! Morgan Stanley dá compra para Brasil e vê Ibovespa a 190 mil pontos

Com eleições no radar, banco aposta em mudança do modelo econômico brasileiro e vê exportações como motor de valorização da Bolsa

Escultura do Touro de Ouro na B3, no centro de São Paulo (B3/Divulgação)
Escultura do Touro de Ouro na B3, no centro de São Paulo (B3/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 20 de maio de 2025 às 17:44.

Última atualização em 20 de maio de 2025 às 18:00.

Engrossando uma fila de casas reforçando sua preferência por mercados emergentes e pelo Brasil, o Morgan Stanley acaba de elevar sua projeção para o Ibovespa, vendo potencial de alta de 30% em dólares até meados de 2026, com o índice alcançando os 190 mil pontos -- uma das projeções mais otimistas para a bolsa brasileira.

O otimismo com o país está ancorado na possibilidade de um reequilíbrio do modelo econômico, do consumo estimulado por gastos públicos para um novo ciclo puxado por investimentos e exportações, no que o banco batizou de 'Texas Trade'.

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“O Brasil está se tornando o Texas do Hemisfério Sul — petróleo, agricultura e um pouco de tecnologia”, escrevem os estrategistas no relatório, prevendo uma mudança para um modelo mais liberal no país, em linha com o viés pró-mercado do estado americano.

O ciclo eleitoral está cerne do call.

“O Brasil está barato, tem um mercado de capitais profundo e uma posição ‘extrema’ em renda fixa para financiar seu déficit fiscal, junto com alocação em equities nas mínimas históricas. Não esperamos uma mudança na política antes de 2027, mas apenas a possibilidade de uma mudança pode mudar o risco-retorno um pouco em direção a ações”, escreveram os estrategistas Nikolaj Lippmann, Juan Ayala e Julia Nogueira no relatório.

Neste cenário, Petrobras, PRIO, Nubank, Eletrobras, Banco do Brasil e SLC Agrícola estão entre os nomes preferidos.

O Morgan Stanley aponta quatro fatores que fortalecem a tese pró-Brasil. Um deles é justamente o cenário para a eleição, com sinais de desgaste da base de apoio político do atual governo, que aumentam a chance de mudança na política fiscal após as eleições de 2026.

Além disso, está o provável início do ciclo de queda da Selic, com taxas já perto do pico. O banco também vê o cenário externo como um vento de cauda, com valorização do dólar -- puxada pela queda da moeda americana em meio as políticas de Trump -- e a perspectiva de juros globais mais baixos, que favorecem os exportadores.

Por fim, os valuations deprimidos dão conforto à recomendação. O banco afirma que o Ibovespa negocia a cerca de 9 vezes lucro projetado, um dos menores múltiplos entre emergentes.

O risco segue sendo o fiscal

Apesar da aposta mais ousada, o relatório destaca que o risco fiscal segue como principal entrave à reavaliação estrutural das ações brasileiras. O país precisaria de um ajuste de 4 pontos percentuais do PIB para estabilizar sua dívida pública — uma tarefa difícil diante de um déficit de quase 10% do PIB e despesas com juros que já consomem cerca de 8% do orçamento.

Esse cenário contribui para o desinteresse dos investidores locais por ações: apenas 6% do patrimônio dos fundos está alocado em renda variável. “O funding do governo está sugando o oxigênio do mercado”, resumem os analistas.

A recomendação é evitar ações ligadas ao consumo e ao ciclo doméstico, considerados em estágio avançado. Já os setores exportadores — como petróleo e agronegócio — estão em fase inicial de crescimento, com geração de receita em dólar e forte potencial de expansão.

A Petrobras, em especial, é apontada como a preferência para toda a América Latina.

“Petrobras é, talvez, o melhor risco-retorno da América Latina hoje — forte crescimento, alto dividendo, governança melhorando e o que consideramos uma opção de valorização caso haja mudança de política fiscal”, dizem os estrategistas.

O call do Morgan Stanley vem em linha com a recomendação positiva de outras casas, consolidando uma mudança de sentimento relevante dos investidores, em especial os estrangeiros.

Na semana ada, o Bradesco BBI deu compra para as ações brasileira, seguido pelo BofA, que recomenda a exposição à emergentes como sua melhor tese de investimentos. Ontem, o JP Morgan, que também reforçou a aposta em ações fora dos países desenvolvidos.

Hoje, o Safra também revisou sua perspectiva para o Ibovespa, vendo o índice a 170 mil pontos nos próximos 12 meses.

O otimismo vem se refletindo em fluxo, com o gringo de volta dando o impulso para o índice de referência da bolsa chegar a seu maior patamar histórico em termos nominais nesta semana, aos 140 mil pontos.

De acordo com o JP Morgan, quase R$ 21 bilhões em investimentos estrangeiros entraram na Bolsa brasileira desde 17 de abril, numa sequência de 18 pregões de fluxo positivo consecutivo nos últimos dias -- algo que não se via desde o fim de 2023.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. ou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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