Logo exame.diariodomt.com
Entrevista

Ambev: volume de cerveja ainda está longe do teto, diz CFO

Em entrevista ao INSIGHT, Guilherme Fleury reconhece pressão de custos, mas aposta em gestão de preços e eficiência operacional para sustentar a rentabilidade

Ambev: gestão com foco nos custos, diz CFO (Ambev/Divulgação)
Ambev: gestão com foco nos custos, diz CFO (Ambev/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 8 de maio de 2025 às 17:58.

Última atualização em 8 de maio de 2025 às 19:22.

As perspectivas do mercado eram de um ambiente mais difícil para as vendas, mas a Ambev conseguiu superar as projeções mais pessimistas de queda de 2% e reportou um crescimento de 0,7% nas vendas de cerveja no Brasil — superando inclusive a concorrente Heineken, cujos volumes caíram nos primeiros três meses.

O desempenho foi ajudado pelo Carnaval, mas a direção da companhia segue confiante no crescimento da categoria, ainda que as projeções de mercado continuem menos animadoras. "A gente continua acreditando no crescimento da categoria, é uma visão de longo prazo. A estratégia é crescer a categoria como um todo, não apenas focar em um único segmento.", afirmou Guilherme Fleury, CFO da Ambev, em entrevista ao INSIGHT. Esse foi o primeiro trimestre de Fleury no cargo.

Segundo Fleury, a Ambev está comprometida em expandir o portfólio de produtos para atender a diferentes necessidades do consumidor. A empresa tem investido no segmento de cervejas não alcoólicas, que registraram um crescimento de 40% anualmente.

Segundo ele, apesar de a indústria brasileira de cerveja não alcoólica ainda representar menos de 1% do mercado, há um grande espaço para crescimento, dado que em mercados desenvolvidos essa categoria já representa cerca de 9% do volume. "Há um mercado imenso para explorar, especialmente em cervejas não alcoólicas, um segmento ainda pequeno no Brasil, mas com muito potencial", afirmou Fleury.

A estratégia de portfólio da Ambev também se destaca por sua diversificação, com a marca oferecendo produtos que atendem desde o público de cervejas até os mais populares, como Brahma e Skol. A empresa não foca em apenas uma marca ou segmento, mas em oferecer várias opções que atendam diferentes ocasiões de consumo, defende o CFO. "A estratégia é sempre olhar para o portfólio e garantir que temos o que o consumidor busca, seja uma cerveja ou uma não alcoólica", diz.

Para o Bank of America, o aumento do custo por hectolitro, de 2,7%, foi mais modesto do que o esperado, devido a um desajuste no calendário de aumentos de preços. Mas, embora o aumento nos volumes de cerveja tenha sido positivo, a pressão sobre os custos deverá continuar, o que pode limitar as margens nos próximos trimestres.

O CFO enfatizou que a empresa continua a trabalhar para manter a rentabilidade, apesar dos desafios econômicos. "Sabemos que os custos vão aumentar, mas temos ferramentas de gestão de preços e uma forte capacidade de adaptação para controlar esses custos e manter a rentabilidade", explicou Fleury.

Esse controle de custos é visto como essencial para atingir os objetivos de expansão de margem. "A maneira como gerimos é com muito foco em custos, olhamos o preço como um componente para frente, mas sempre pensando na capacidade do consumidor de consumir e tentando sempre não botar uma pressão a mais dentro da indústria." Fleury acredita que, com a gestão eficiente de custos e ajustes na precificação, a empresa pode superar os desafios do mercado e ampliar a rentabilidade.

A empresa mantém sua projeção de custos em 2025, com um crescimento do custo de produto vendido por hectolitro entre 5,5% e 8,5% para cerveja no Brasil.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, ando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
Juros altos pesam e Casas Bahia vê prejuízo líquido saltar 56% no 1º tri

Juros altos pesam e Casas Bahia vê prejuízo líquido saltar 56% no 1º tri

Inter tem lucro 57% maior no tri; vê oportunidade ‘fundamental’ em consignado CLT

Inter tem lucro 57% maior no tri; vê oportunidade ‘fundamental’ em consignado CLT