Água no chope? Heineken tem 3º tri mais forte e desafia Ambev
Volume do grupo holandês cresceu mais que a indústria e intensificou a disputa pelo mercado


Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 27 de outubro de 2023 às 10:31.
Última atualização em 10 de janeiro de 2024 às 12:26.
A disputa pelo copo de cerveja na mesa do bar está ainda mais acirrada – e com direito a mudanças de estratégia das duas gigantes do mercado: Ambev e Heineken, que detêm cerca de 60% e 20% dos volumes de cerveja vendidos, respectivamente.
Os números do balanço da Heineken divulgados na quarta-feira, 25, podem ter antecipado um terceiro trimestre mais difícil para a concorrente.
Se no segundo trimestre a dona da Brahma e da Skol tinha se saído melhor, no terceiro trimestre o crescimento de "um dígito alto" (entre 8% e 9%) do volume total anunciado pelo grupo Heineken para o Brasil superou a indústria. Os números da Ambev serão publicados na próxima terça-feira, 31, mas o Bradesco BBI estima uma queda de 2% nos volumes vendidos no Brasil e o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), 4%.
Para a dupla de analistas do Bradesco BBI, Leandro Fontanesi e Pedro Fontana, o balanço da Heineken mostrou uma mudança de rota. Chamou atenção dos analistas o fato de a receita do grupo ter crescido "low-teens" (algo na casa dos 10% a 13%), o que foi considerado baixo dado o avanço de volume, especialmente num ano em que a empresa vinha praticando alta de preços para sua marca mais .
Houve uma desaceleração do avanço de receita em comparação ao aumento do volume quando se observam os números dos trimestres anteriores. No primeiro trimestre do ano, a receita tinha crescido mid-twenties (em torno de 25%), enquanto o volume avançou um dígito alto. Os números do segundo trimestre não são claros. A companhia publicou apenas que a receita semestral cresceu low-teens e separou os volumes pelos segmentos: cresceu um dígito alto e mainstream, um dígito médio (o que seria cerca de 5%).
“A possível desaceleração no indicador de preço pode ser explicada por algum abalo na procura pela sua principal marca, a Heineken, que tem sido o principal pilar de crescimento do grupo nos últimos anos?”, pergunta a equipe do Bradesco BBI.
A dúvida é se a diferença entre volume e receita no terceiro trimestre seria porque o mix ficou mais composto pela Amstel (rótulo mainstream) ou por redução de preço da marca Heineken– o que é bastante incomum na história do grupo.
Thiago Duarte e Henrique Bustolin, do BTG Pactual, destacam que a Heineken já superou os problemas de capacidade que teve durante a pandemia e dizem que parte desse desempenho em volume melhor do que a concorrência tem a ver com a antecipação dos aumentos de preço, mais concentrados no começo do ano. Isso estaria favorecendo o grupo dono da ‘verdinha’ no momento em que a Ambev promove reajustes.
Eles não acreditam que a receita por hectolitro da Heineken seja superior à da Ambev, que estimam um crescimento em torno de 10%, mas lembram que a istração da companhia reforçou que as economias de ganho de escala seriam importantes para ajudar a melhorar a lucratividade. “Isto significa que a concorrência pela fatia de mercado poderá continuar intensa”, escrevem.
Saiba antes. Receba o Insight no seu email
Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, ando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado