Testes mostram resultados positivos em diferentes tipos de solo, indicando potencial para uso em larga escala
Repórter de ESG Publicado em 21 de maio de 2025 às 16h38. Última atualização em 21 de maio de 2025 às 16h48.
Quando pensamos em vidro, é difícil imaginar que ele possa ajudar a alimentarplantas — mas pesquisadores da USP transformaram essa ideia em realidade ao criar um fertilizante feito desse material.
A proposta é acabar com o desperdício que acontece quando os fertilizantes tradicionais são levados pela chuva ou pelo vento, entregando os nutrientes de forma mais eficiente e sustentável.
Danilo Manzani, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, explica que esses fertilizantes vítreos têm a capacidade de liberar os nutrientes lentamente, já que “esses compostos apresentam solubilidade em água e no solo. Os vidros podem ser obtidos em diferentes composições, incluindo as necessárias para atuar como fertilizantes de liberação lenta e controlada”.
O processo envolve a fusão de uma mistura rica em boro, cálcio, potássio, magnésio, manganês, molibdênio e zinco, fundida a uma temperatura de 1.100°C, seguida de resfriamento rápido para formar partículas entre 0,85 e 2,0 milímetros — o tamanho ideal para garantir uma liberação gradual dos elementos nutritivos.
Em testes feitos em parceria com a Embrapa, o fertilizante de vidro teve desempenho 70% melhor no fornecimento de nutrientes para o capim Piatã durante cinco colheitas seguidas.
O doutorando José Hermeson da Silva Soares, coautor da pesquisa, destaca que “a eficiência agronômica foi maior em solo de textura média, onde a retenção de nutrientes ocorre de forma mais equilibrada”, após avaliações em diferentes tipos de solo.
EXCLUSIVO: Na Rússia e na China, Lula quer atrair investimentos em urânio, fertilizantes e energiaAinda que promissor, o desenvolvimento enfrenta desafios, como a dificuldade de incorporar nitrogênio e enxofre — essenciais para as plantas — na matriz vítrea. Os pesquisadores afirmam que novos estudos estão em andamento no Laboratório de Materiais Inorgânicos e Vítreos para superar essa barreira.
O trabalho foi publicado na ACS Publications, da American Chemical Society, trazendo uma alternativa para a agricultura sustentável.