Desde 2023, o estado com o segundo maior rebanho do Brasil conta com um programa que busca reduzir o mercado informal e impulsionar a produção sustentável
Repórter de ESG Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 11h40. Última atualização em 31 de janeiro de 2025 às 11h41.
Para mitigar o problema e promover a transparência na cadeia produtiva, o governo do estado lançou em 2023 o Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Pecuária, que inclui um sistema obrigatório de rastreabilidade individual do gado.
Um novo estudo da Bain & Company e da The Nature Conservancy estima que arastreabilidadepode aumentar o valor da produção pecuária emUS$ 1 bilhão(R$ 5 bilhões) nos próximos três a cinco anos, além de reduzir perdas sanitárias e ampliar a participação de produtores no mercado formal.
A iniciativa busca combater a produção em áreas desmatadas ilegalmente, viabilizando a entrada de pequenos e médios produtores no mercado sustentável.
Os dados revelam também que o pagamento direto a produtores por cabeça de gado rastreada pode ser uma das principais estratégias para incentivar a adesão ao programa, com um custo estimado de US$ 58 milhões por ano (R$ 290 milhões).
Carlos Líbera, sócio da Bain, destacou que mecanismos viabilizadores bem estruturados e a cooperação entre governo, setor privado e pecuaristas serão cruciais para alcançar resultados consistentes de produtividade, sustentabilidade e competitividade no setor.
“A articulação entre essas partes deve auxiliar na superação de barreiras e assegurar que os benefícios das intervenções sejam amplamente distribuídos ao longo da cadeia de valor ", disse.
De acordo com o estudo, a rastreabilidade pode elevar o valor da produção bovina no Pará a partir de quatro grandes fatores.
Metade do rebanho paraense está em áreas comproblemas ambientaisligados aodesmatamento, o que dificulta a adesão de pequenos produtores ao programa.
Hoje, 88% das propriedades com irregularidades ambientais e atividade pecuári a são pequenos imóveis e assentamentos rurais, que somam mais de 100 mil propriedades e cerca de 6 milhões de cabeças de gado. Já médios e grandes imóveis com gargalos representam 8 milhões de cabeças em 14 mil propriedades.
Fábio Medeiros, diretor da The Nature Conservancy, explica que o programa pode acelerar a regularização comercial de produtores ao exigir maior conformidade ambiental. “Se por um lado promove transparência, por outro, facilita a reintegração ao mercado formal e reduz práticas que dificultam o controle da cadeia produtiva ”, destacou em nota.
A rastreabilidade do gado não se limita a exigências de mercado, mas pode se tornar um diferencial competitivo para a pecuária brasileira, em ano de COP30 no Brasil, em Belém. Segundo especialistas, a ampliação do programa pode consolidar o Brasil como referência global na produção sustentável de carne bovina. [/grifar]
“É possível produzir e, ao mesmo tempo, preservar a floresta em pé”, disse Melissa Brito, da The Nature Conservancy. “Esse modelo representa uma ação pioneira e definitiva para o Brasil”, acrescentou.