PIX: sistema de pagamento instantâneo foi alvo de estudo da Moody's (Marcio Binow Da Silva/Getty Images)
Publicado em 4 de junho de 2025 às 08h20.
O sistema de pagamentos instantâneos Pix teve um impacto direto e significativo no setor bancário brasileiro, segundo um novo relatório da agência de classificação de risco Moody’s.
Lançado em 2020, o Pix não só reduziu as tarifas bancárias com transferências e pagamentos com cartão, mas também fortaleceu as instituições financeiras ao ampliar o o a dados sobre transações de indivíduos e empresas.
Segundo a Moody’s, "essa maior disponibilidade de dados tem permitido aos bancos aprimorar seus modelos de crédito, facilitando o o a empréstimos, especialmente para pequenas e médias empresas (PMEs) e consumidores".
Segundo a análise, desde o lançamento do Pix, os saques em dinheiro caíram 24%, enquanto os depósitos bancários mais que dobraram.
A mudança no comportamento dos consumidores favoreceu a digitalização dos serviços bancários, mas também gerou um efeito colateral: a queda de receita com tarifas. A Moody’s apontou que a receita líquida dos cinco maiores bancos do Brasil com tarifas de conta-corrente caiu de 7,2% para 4,6% entre 2019 e 2024, devido à substituição de transações pagas por pagamentos gratuitos.
A agência também destacou que a entrada de novos concorrentes digitais e o aumento da competição no setor financeiro tradicional colocaram ainda mais pressão sobre os bancos. A Moody’s aponta que, apesar da queda nas tarifas, o Pix trouxe benefícios operacionais, como a redução de custos com o transporte de dinheiro. O sistema também contribuiu para a diminuição do número de agências bancárias físicas no Brasil, que caíram 13% entre 2020 e 2024, ao mesmo tempo em que os pontos de venda aumentaram 42%, com custos operacionais significativamente mais baixos.
Além disso, o Pix tem sido um impulsionador da inclusão financeira. A relação entre o número de tomadores de empréstimos e a população adulta no Brasil cresceu de 62,8% em 2019 para 69,2% em 2024, com o aumento sendo impulsionado pela maior disponibilidade de dados financeiros dos consumidores, gerada pelo sistema de pagamentos instantâneos. A Moody’s observou que isso permitiu uma análise de crédito mais eficiente e um aumento no o ao financiamento.
No cenário latino-americano, o sucesso do Pix tem gerado interesse. A Colômbia está se preparando para lançar um sistema semelhante, o Bre-B, enquanto Peru e México mostram resultados mistos com os próprios sistemas de pagamento instantâneos. Já no Chile, a adesão ao sistema de pagamentos digitais tem sido mais lenta.
No final do mês de maio, a Moody's manteve o rating de crédito soberano do Brasil em Ba1, com a perspectiva alterada de positiva para estável. A agência destacou que a manutenção da nota reflete a expectativa de continuidade de um crescimento econômico sólido, sustentado por uma economia diversificada e menos vulnerável a choques externos, devido à favorável posição externa do Brasil.
No entanto, a agência alertou que o avanço nas reformas fiscais tem sido mais lento do que o esperado. A Moody’s ressaltou que o Brasil precisa acelerar as reformas fiscais e encontrar formas de reduzir os custos com a dívida pública, para garantir uma trajetória mais sólida de crescimento e estabilidade fiscal.
A agência também mencionou que a desvinculação de receitas e a reforma dos benefícios sociais poderiam ajudar a criar espaço fiscal para uma possível melhoria do rating, mas alertou que, se os esforços fiscais não se mostrarem eficazes, o país pode enfrentar uma pressão negativa sobre sua nota de crédito.
A Moody’s também reconheceu os esforços do governo brasileiro em consolidar as finanças públicas e reforçou que o compromisso contínuo com reformas estruturais será fundamental para garantir a estabilidade e o crescimento sustentável da economia brasileira.