(tommy/Getty Images)
Publicado em 12 de maio de 2025 às 08h53.
Última atualização em 12 de maio de 2025 às 08h53.
*Adir Ribeiro, CEO e Fundador da Praxis Business, consultoria em Modelos de Negócio, Gestão de Redes e Desenvolvimento Humano, com forte atuação no Franchising, Varejo e outros Canais de Vendas.
O franchising está vivendo um momento de profundas transformações, impulsionado por tendências que vão além do objetivo tradicional de expansão e gestão das unidades franqueadas. O conceito de franquia evoluiu significativamente e já não se trata apenas de replicar um modelo de negócio bem-sucedido, mas sim de construir redes sólidas e sustentáveis, em que inovação, experiência do consumidor e eficiência operacional desempenham papéis fundamentais.
Hoje, o franchising configura-se como um ecossistema dinâmico e interdependente, no qual franqueadoras, franqueados e fornecedores desempenham funções estratégicas que superam as relações comerciais. A troca constante de conhecimento, a adaptação a novos perfis de consumo e a incorporação de tecnologias digitas são fatores determinantes para a competitividade nesse mercado. Essa conexão entre os agentes do sistema é o que fortalece a cadeia, gerando valor para todos os envolvidos e permitindo que o franchising continue crescendo de forma estruturada.
Nesse contexto, algumas tendências emergem como pilares estratégicos para essa evolução, redefinindo a forma como as franquias operam, relacionam-se e entregam valor ao mercado.
O novo contexto dos negócios impulsionou uma reavaliação profunda dos “modus operandi” em todo o setor de franchising e varejo. Ficou evidente a urgência de se reinventar, inovar e agir com rapidez. Nesse cenário, depender exclusivamente da taxa de royalties como forma de geração de receita para o negócio tornou-se um modelo pouco produtivo na geração de valor - para manter a competitividade e garantir o crescimento das redes. Ampliar linhas de receita e construir ecossistemas de negócio integrados, com soluções que gerem valor real para franqueados e consumidores, deixou de ser uma vantagem competitiva e ou a ser uma necessidade estratégica.
Atualmente, as taxas têm se mostrado insuficientes para o nível de excelência e de prestação de serviços que os franqueados necessitam. Diante disso, é preciso criar soluções, agregar valor ao serviço e gerar melhores margens e performance.
A construção de um ecossistema integrado no franchising se torna um movimento estratégico, em que a franqueadora a a desenvolver e oferecer soluções adicionais que agregam valor real à operação do franqueado — como ferramentas de gestão, plataformas de compras, soluções financeiras ou serviços de marketing compartilhado, bem como programas de capacitação estruturados e adequados para a realidade do negócio. Esses serviços, quando integrados à proposta de valor e à cultura da marca, ampliam a eficiência da franqueadora e fortalecem sua capacidade de e.
Nesse contexto, o conceito de Take Rate ganha protagonismo. Ao monetizar esses serviços complementares, a franqueadora diversifica suas fontes de receita e reduz a dependência dos royalties, construindo um modelo mais resiliente e escalável. O resultado é um sistema profissionalizado, com maior sinergia entre os agentes, mais preparado para os desafios do mercado e capaz de gerar valor contínuo para a rede.
Quando a franqueadora estrutura soluções alinhadas à sua proposta de valor e cultura não apenas torna-se mais eficiente, mas também amplia sua capacidade de e aos franqueados, criando um ambiente de colaboração e crescimento. Essa integração reflete-se diretamente na operação das unidades, tornando-as mais produtivas e competitivas. Ao conectar fornecedores, por exemplo, a rede ganha em previsibilidade, controle e eficiência, reduzindo custos e maximizando margens.
Já os franqueados que fazem parte desse ecossistema beneficiam-se com a redução de taxas em adquirências, maior volume de compras, melhores negociações, facilidade de o às ofertas, soluções mais adequadas, agilidade, com mais engajamento e geração de valor. Quem a a se enxergar como ecossistema capitaliza-se mais e pode descobrir novos caminhos em uma estrada que, embora seja desafiadora, pode estar repleta de oportunidades.
Outra tendência refere-se à atualização dos modelos de negócio e à omnicanalidade, pois a integração entre o digital e o físico tornou-se uma necessidade para as empresas, que devem oferecer uma experiência fluida e sem fricções em todos os pontos de contato. Nesse contexto, é essencial que os modelos de negócio também estejam em constante atualização para atender às demandas dos consumidores, que buscam cada vez mais a conveniência de transitar entre os canais on-line e off-line de maneira integrada, sem perder a qualidade ou a personalização da experiência.
Nesse cenário, as franqueadoras precisam adaptar ou atualizar seus modelos, incorporando novas tecnologias e abordagens omnichannel para proporcionar uma jornada do cliente mais completa, garantindo competitividade e relevância no mercado. As franqueadoras que almejam prosperar precisam repensar seus modelos de negócio, gerando mais valor para todos os elos.
Em um mundo no qual a inteligência artificial está por toda parte, também é essencial utilizar essa tecnologia de forma estratégica para eliminar processos operacionais repetitivos, seja na operação da franquia ou na gestão da franqueadora, conhecer o cliente de forma mais profunda, entender padrões de comportamento e personalizar ofertas. No franchising, a transformação digital envolve impactar a gestão de múltiplas unidades, a padronização de processos e a adoção de ações eficazes para engajar consumidores e fortalecer a rede.
Na outra ponta da integração tecnológica estão as pessoas. A franqueadora precisa ser ível aos franqueados, oferecendo um e eficaz, adaptando-se à realidade de cada segmento e atuando como parceira dos franqueados. É preciso que a franqueadora direcione esforços não apenas ao e operacional, mas também à capacitação para desenvolver habilidades gerenciais dos franqueados e o comportamento empreendedor. Afinal, a capacidade de compreender as mudanças do mercado e adotar uma postura de liderança será determinante para o sucesso dos negócios.
Diante de tantas mudanças e tendências, não se pode esquecer de sempre revisar e deixar cada vez mais claros os papéis da franqueadora e do franqueado, afinal, a capacidade de a franqueadora revisitar constantemente seus processos é um dos pilares para a evolução de uma rede de franquias. Por isso, é essencial identificar as maiores competências dentro da rede, seja na franqueadora ou nos franqueados, para otimizar resultados, analisando quais funções ainda fazem sentido para os franqueados e quais devem se manter para a franqueadora. Isso permite que a operação ganhe mais foco, direcionando esforços para o que realmente impacta os resultados. Além disso, assegura que todos trabalhem de forma colaborativa, mobilizando e engajando cada um de acordo com suas competências específicas.
Em áreas como marketing e geração de leads, por exemplo, a franqueadora pode ter maior expertise e estrutura para conduzir essa frente de forma centralizada, ajustando seu modelo para maximizar a eficiência e garantir melhor retorno para toda a rede. Esse exercício de revisão do papel das partes deve estar alinhado à cultura empresarial e, acima de tudo, focado em gerar valor para o cliente, garantindo um equilíbrio saudável entre os interesses da franqueadora e dos franqueados.
Na minha experiência como Conselheiro de istração de Franqueadoras e como CEO e Fundador da Praxis Business, tendo atendido mais de 650 empresas, enxergo essas como algumas das tendências que moldam o futuro do setor. Acredito que acompanhar e se adaptar a essas mudanças, implementando estratégias alinhadas às novas demandas do mercado, é o que garantirá a competitividade e a sustentabilidade do franchising brasileiro.
Uma Franqueadora de Excelência, hoje, precisa ser HIGH. High Tech, usar e gerar valor através de Tecnologia de ponta; High Touch, manter proximidade e conexão humana para melhor o relacionamento e alinhamento; High Teach, que é se tornar maestra na condução dos negócios, aproveitar todos os momentos de interação para capacitar e desenvolver sua rede, fortalecendo cultura e engajamento.