Ciência

'Nemo' da vida real: o segredo do peixe-palhaço para sobreviver às ondas de calor

Pesquisadores da Universidade de Newcastle descobriram que 78% dos peixes-palhaço diminuíram de tamanho durante onda de calor, aumentando sua chance de sobrevivência

Peixe-palhaço: espécie conhecida por sua coloração vibrante é capaz de encolher corpo  (wirestock/Freepik)

Peixe-palhaço: espécie conhecida por sua coloração vibrante é capaz de encolher corpo (wirestock/Freepik)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 27 de maio de 2025 às 12h32.

Pesquisadores descobrem que peixe famoso do filme "Procurando Nemo" reduz seu tamanho corporal em resposta ao aquecimento dos oceanos, um fenômeno nunca antes observado em recifes de coral.

Uma pesquisa realizada na Papua Nova Guiné, liderada por cientistas da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, revelou que o peixe-palhaço possui uma surpreendente estratégia para enfrentar o aumento da temperatura da água: ele encolhe.

Durante cinco meses de monitoramento intenso em 2023, 134 exemplares foram observados, e mais de 70% apresentaram diminuição significativa no tamanho corporal conforme as águas ficavam mais quentes. O estudo foi publicado na revista científica Science Advances.

Melissa Versteeg, doutoranda responsável pela medição mensal dos peixes e pelo registro constante da temperatura da água, destacou à CNN que esse comportamento inédito demonstra uma capacidade impressionante de adaptação, que pode ser fundamental para a sobrevivência da espécie diante das frequentes ondas de calor marinhas causadas pelas mudanças climáticas.

Peixes que reduziram seu tamanho tiveram até 78% mais chances de resistir ao estresse provocado pelo calor intenso, afirmou a equipe, o que mostra que o encolhimento funciona como um mecanismo de defesa eficaz.

No entanto, a pesquisadora Theresa Rueger alertou que essa diminuição pode comprometer a reprodução, já que peixes menores tendem a gerar menos filhotes. Ainda assim, o fato de conseguirem se ajustar rapidamente ao ambiente hostil traz um aspecto positivo para a conservação da espécie.

Um aspecto curioso da pesquisa é que os casais que encolheram juntos tiveram maior sobrevivência, o que evita disputas entre machos e fêmeas e mantém a harmonia no espaço limitado das anêmonas do mar onde vivem. Esse equilíbrio social é crucial, pois fora da proteção das anêmonas, os peixes-palhaço estão vulneráveis a predadores.

Comportamento social e habitat garantem a sobrevivência dos peixes-palhaço

Vivendo em simbiose com anêmonas, esses peixes dependem da proteção oferecida por elas para fugir de predadores, já que nadam pouco e são lentos. A convivência pacífica entre os parceiros e com o habitat é essencial para poderem ar os desafios ambientais.

Versteeg destacou que, por terem padrões únicos e serem pouco móveis, os peixes-palhaço são ideais para estudos longitudinais, possibilitando acompanhar suas respostas a mudanças ambientais ao longo do tempo.

Animais como iguanas marinhos também apresentam a capacidade de encolher para se adaptar a condições extremas, mas essa é a primeira vez que tal fenômeno foi registrado em peixes de recife.

O grupo pretende agora entender quais processos biológicos permitem essa adaptação e investigar se outras espécies marinhas também possuem essa capacidade. Caso seja comum, o encolhimento poderia explicar a redução generalizada no tamanho dos peixes em vários oceanos.

Acompanhe tudo sobre:PeixesPesquisas científicasAnimaisOceanos

Mais de Ciência

'Homem do Everest' bate próprio recorde e alcança topo da montanha pela 31ª vez

As florestas brilhantes da Austrália: descubra o segredo das luzes que iluminam a noite

Aos 17 anos, ele criou um drone econômico capaz de transformar o setor — e já ganhou R$ 120 mil

Trabalhar demais pode estar deixando seu cachorro ansioso — e a ciência explica