Ciência

Cápsula espacial russa de 500kg pode cair na Terra neste fim de semana. Existem riscos?

Após mais de 50 anos em órbita, cápsula da Kosmos 482 retorna à Terra, mas seu destino ainda é incerto

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 9 de maio de 2025 às 10h54.

Última atualização em 9 de maio de 2025 às 11h01.

Uma cápsula de pouso da Kosmos 482, uma espaçonave da era soviética lançada em 1972 com destino a Vênus, deve retornar à Terra nesta semana, após mais de 50 anos presa em órbita.

O objeto, que pesa cerca de 500 quilos, foi parte de uma missão que nunca conseguiu deixar a órbita terrestre devido a falhas no lançamento. Agora, a cápsula, uma esfera resistente com um diâmetro de aproximadamente 1 metro, está prevista para reentrar na atmosfera entre 10 e 12 de maio.

A Nasa e especialistas em rastreamento de detritos espaciais ainda não sabem exatamente onde a cápsula pode cair.

No entanto, segundo o cientista Marco Langbroek, da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, disse ao The Guardian que a reentrada ocorrerá a uma velocidade de 150 mph (242 km/h), caso a cápsula permaneça intacta durante a descida.

Langbroek afirma que, apesar de haver riscos, o evento é relativamente comum e não há motivo para pânico. Ele compara a situação a um impacto de meteorito aleatório, um evento que ocorre frequentemente ao longo do ano. “As chances de ser atingido por esse pedaço de lixo espacial são pequenas, muito menores do que ser atingido por um raio”, disse Langbroek.

A cápsula foi projetada para ar as condições extremas da atmosfera de Vênus, com um robusto escudo térmico e uma estrutura durável, o que leva os especialistas a acreditarem que parte dela pode sobreviver à reentrada. Contudo, o sistema de paraquedas, originalmente planejado para desacelerar a descida em direção a Vênus, está provavelmente inutilizado após mais de cinco décadas no espaço.

A trajetória de voo da cápsula poderá levá-la a cair em qualquer lugar entre 51,7° de latitude norte e sul, cobrindo uma grande área, incluindo regiões densamente povoadas, como Londres e o extremo sul da América do Sul. Mas, como a maior parte do planeta é coberta por água, é mais provável que o objeto caia no oceano.

Embora o risco de danos seja considerado baixo, o evento remete à crescente preocupação com o controle de detritos espaciais.

Segundo Stijn Lemmens, da Agência Espacial Europeia, em entrevista à BBC, a reentrada de objetos feitos pelo homem ocorre frequentemente, mas na maioria das vezes esses objetos queimam ao ar pela atmosfera. “Estamos cada vez mais conscientes da necessidade de projetar espaçonaves para que possam voltar à Terra de forma controlada, minimizando o risco de impacto em áreas povoadas”, afirmou Lemmens.

A Kosmos 482 foi lançada pela União Soviética como parte de uma série de missões para explorar Vênus, mas falhou em sua missão de pouso, permanecendo em órbita baixa por mais de 50 anos. Embora o risco de impacto seja pequeno, o monitoramento das futuras missões espaciais será essencial para evitar possíveis danos a pessoas ou propriedades.

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