O Senado italiano aprovou nesta quarta-feira a nova lei que altera as regras para concessão da cidadania por descendência, com impactno o direto para brasileiros (Salvatore Laporta/KONTROLAB /LightRocket/Getty Images)
Repórter
Publicado em 15 de maio de 2025 às 09h49.
Última atualização em 21 de maio de 2025 às 16h00.
Se você sonha em construir uma carreira na Itália com base na cidadania herdada de anteados italianos, é hora de rever os planos. O Senado italiano aprovou nesta quarta-feira, 15, a nova lei que altera as regras para concessão da cidadania por descendência, com impacto direto para brasileiros. A norma encerra o reconhecimento automático da chamada cittadinanza per sangue para bisnetos, trinetos e gerações posteriores, o que muda drasticamente o cenário para quem planejava trabalhar ou estudar legalmente na Europa.
A nova legislação restringe o direito de cidadania apenas a filhos e netos diretos de italianos nascidos na Itália — eliminando, na prática, o o via consulado ou residência na Itália para a maioria dos brasileiros que estavam na fila ou em processo.
“A cidadania por via istrativa, como conhecíamos, acabou. Isso atinge diretamente milhares de brasileiros que buscavam a cidadania como porta de entrada para uma carreira internacional”, afirma Luiz Scarpelli, advogado especialista em cidadania italiana e mestre em Direito pela Università Sapienza di Roma.
Segundo Scarpelli, todas as emendas favoráveis aos descendentes brasileiros foram rejeitadas durante o debate parlamentar. A votação teve maioria esmagadora: 75% dos senadores votaram a favor da mudança. Com isso, consulados italianos ao redor do mundo já deixaram de aceitar novos pedidos istrativos. A fila de espera — que em alguns casos ultraava 10 anos — será cancelada.
Com o fim da via istrativa, a cidadania italiana — que dava o automático ao mercado de trabalho e à educação pública europeia — agora se tornou um direito de o . “Sem a cidadania, o brasileiro precisará buscar vistos de trabalho, estudo ou residência, o que é mais burocrático e exige o patrocínio de empresas ou instituições”, diz Scarpelli.
A mudança impacta diretamente profissionais que viam na Itália uma oportunidade de construir carreira na Europa, aproveitando o aporte italiano para circular livremente entre os países da União Europeia.
“É um dia triste para o direito dos descendentes, mas também um alerta: quem deseja viver fora precisa estar atento às mudanças legais e se planejar com antecedência”, diz Scarpelli.