Para organizações que buscam reduzir turnover e melhorar o ambiente de trabalho, essa ferramenta oferece um caminho estruturado e eficaz para ouvir, compreender e engajar seus talentos mais valiosos (Mariia Vitkovska/Getty Images)
Publicado em 6 de junho de 2025 às 17h13.
A rotatividade de funcionários custa caro para as empresas. No Brasil, o custo de substituir um profissional pode chegar a três vezes seu salário mensal, de acordo com um estudo que o Centro de Microeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizaram em 2012. Diante desse cenário, cresce o interesse por ferramentas que previnam a saída de talentos. A stay interview surge como alternativa inteligente: uma conversa planejada que antecipa problemas antes que se tornem motivos de demissão.
A stay interview é uma conversa individual entre gestor e colaborador, focada em compreender os fatores que influenciam a permanência do profissional na empresa. Trata-se de um diálogo estruturado que visa identificar motivações, insatisfações e oportunidades de melhoria antes que surja a intenção de desligamento.
1. Defina objetivos claros
Comunique ao colaborador com antecedência o propósito da conversa, reforçando que é uma oportunidade de melhoria mútua e não uma avaliação de desempenho.
2. Escolha o momento adequado
Evite períodos de alta demanda, fechamento de projetos ou momentos de estresse. Prefira horários em que o profissional esteja tranquilo e disponível.
3. Prepare perguntas abertas
Estruture questões que estimulem o diálogo, como "O que você mais valoriza no seu trabalho?", "Que mudanças aumentariam sua satisfação?" e "Como enxerga seu crescimento aqui?".
4. Selecione ambiente apropriado
Escolha local privado, confortável e livre de interrupções. Se remoto, garanta conexão estável e espaço sem distrações. A confidencialidade deve ser assegurada desde o início.
Inicie a conversa com tom acolhedor e positivo. Reconheça contribuições recentes do colaborador ou destaque pontos fortes para criar um ambiente de confiança. Isso demonstra que ele é valorizado e reduz possíveis tensões iniciais.
Durante a entrevista, pratique a escuta ativa. Deixe o colaborador falar mais do que você, evite interrupções e resista à tentação de dar respostas prontas ou soluções imediatas. Permita pausas para reflexão e demonstre genuíno interesse em suas colocações.
Seja empático e mantenha a confidencialidade prometida. Reforce que todas as informações serão tratadas com respeito e que não haverá consequências negativas por opiniões expressas. Essa postura encoraja a honestidade e aprofunda a qualidade do diálogo.
Explore temas relevantes como satisfação profissional, relacionamentos no trabalho, condições laborais, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, oportunidades de crescimento e reconhecimento. Adapte o foco conforme as respostas do colaborador.
Nem todas as demandas levantadas poderão ser atendidas de imediato, e isso precisa ser comunicado de forma clara. É essencial explicar as limitações orçamentárias ou estruturais, mas sempre buscando alternativas viáveis. A transparência ajuda a manter a credibilidade do processo.
Realizar as entrevistas de forma regular é outro ponto importante. Agendar encontros trimestrais ou semestrais facilita o acompanhamento da evolução do clima organizacional e a prevenção de problemas recorrentes. Essa consistência é um reflexo do compromisso real com o bem-estar dos colaboradores.
Registre os insights obtidos e implemente ações concretas sempre que possível. Os colaboradores precisam perceber que suas contribuições resultam em mudanças reais, ou o processo perderá credibilidade e efetividade. Comunique os resultados e mantenha o diálogo aberto.
Além disso, é fundamental treinar os gestores para conduzir essas conversas. Habilidades como comunicação eficaz, escuta ativa e inteligência emocional são essenciais para o sucesso da iniciativa. Investir na capacitação desses profissionais garante qualidade e consistência no processo.