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Publicado em 3 de junho de 2025 às 15h55.
Última atualização em 4 de junho de 2025 às 18h34.
O RH sempre foi conhecido como o setor que cuida de todo mundo. Mas quem cuida do RH? A pergunta, que já ecoava pelos corredores das empresas, ganhou uma nova camada com a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR1). Agora, a lei também protege quem está do outro lado da mesa, zelando pelos demais.
Para Silvana Pires, Head de Pessoas e Cultura do Instituto Clima e Sociedade, quando o RH não cuida de si, perde sua capacidade de atuar estrategicamente. “Em vez de impulsionar o crescimento das pessoas, começa a alimentar um sentimento coletivo de esgotamento”, alerta.
Vanessa Togniolli, CHRO da Numen, reforça que essa perda de foco estratégico também está ligada a uma “romantização invisível” em torno dos profissionais de RH. “Olham pra gente como se fôssemos seres de luz, super-heróis”, diz. “Mas não somos. Somos gente. E, como qualquer pessoa, também precisamos de apoio.”
Para ela, essa negligência com a saúde mental do time de pessoas muitas vezes nasce dentro da própria liderança da área.
É por isso que Vanessa defende que o cuidado com quem cuida comece pelas coisas mais básicas — e frequentemente esquecidas — da rotina corporativa.
“Às vezes a empresa oferece terapia, apoio psicológico, benefícios. Mas ninguém usa. É preciso lembrar as pessoas de que elas podem — e devem — usar. E isso vale também pra quem está no RH.”
Silvana completa: não há receita pronta. “O que existe são estratégias adaptativas. Entender o seu momento, sua fase de vida, seu ciclo de carreira. E, muitas vezes, ter a coragem de dizer: ‘não sei’. Ou simplesmente: ‘não vou’. A gente precisa normalizar isso.”
A advogada Claudia Securato destaca um ponto central: conhecer os próprios limites não é fraqueza — é sobrevivência. “Qual é a sua válvula de escape? O que te coloca de volta no eixo? Estar com a família, correr, cozinhar? Porque viver só pro trabalho é caminho certo pro burnout.”
A ideia de que estar sobrecarregado é sinônimo de produtividade ainda engana muita gente. “Tem quem ache bonito dizer que não tem tempo pra nada, que trabalha o dia inteiro sem parar. Isso não é motivo de orgulho, é motivo de alerta”, avisa Silvana.
Ela dá um exemplo simples: reservar 15 ou 20 minutos entre uma reunião e outra para levantar da cadeira, tomar um café, esticar as pernas.
“Quem tá em home office então... se não fizer isso, a horas sentado. Eu mesma já senti meu músculo da perna adormecer. E isso não é coisa de quem tem 20 anos de carreira, não. É pra qualquer pessoa que tá começando agora.”
Se antes o RH cuidava de todo mundo e esquecia de si, isso não se sustenta mais — emocionalmente, legalmente, nem financeiramente. A atualização da NR1 virou uma chave: o que era cultura, agora também é obrigação. E, se a empresa não cuida das pessoas, as pessoas não vão conseguir cuidar da empresa.
No fim, a mensagem é simples — e poderosa: quem cuida também precisa ser cuidado. E isso, para as especialistas, começa dentro - de cada um, de cada time, de cada organização.
Este texto surgiu a partir de uma das palestra do RH Summit 2025. Reunindo centenas de especialistas e milhares de participantes, o evento promove discussões profundas sobre os desafios reais do setor, com temas como saúde mental, liderança, cultura organizacional, inovação, dados e muito mais.
Organizado para gerar impacto prático, o RH Summit é uma plataforma de troca, aprendizado e construção coletiva — e reforça um ponto essencial: o futuro do trabalho depende de quem cuida dele hoje.