Pesquisas apontam que equipes multigeracionais aumentam a inovação e o desempenho das empresas, mas o preconceito contra a idade ainda limita oportunidades no mercado de trabalho
Plataforma de conteúdo Publicado em 2 de junho de 2025 às 07h00.
Por Cleide Cavalcante, Gerente de Comunicação Corporativa na Progic*
No centro das transformações que permeiam o ambiente corporativo contemporâneo, uma questão persistente e frequentemente subestimada desafia os processos, a gestão e a inovação das organizações: o etarismo . Essa forma de discriminação se manifesta tanto contra profissionais com mais de 50 anos quanto em relação às novas gerações que chegam ao mercado de trabalho, munidas de habilidades digitais e perspectivas revolucionárias. Ela reflete preconceitos, medos infundados e uma compreensão limitada sobre a importância da diversidade e da inclusão.
Mas engana-se quem pensa que a complexidade doetarismolimita-se à meraquestão da idade.Ele nasce em percepções equivocadas, nas quais o valor de um profissional é medido por critérios obsoletos, ignorando-se o potencial inerente à diversidade etária. A psicóloga organizacional Ana Beatriz Barbosa, na Harvard Business Review, enfatiza que o medo de ser substituído — seja por alguém mais jovem, seja por alguém mais adaptado às novas tecnologias — pode incitar comportamentos discriminatórios, comprometendo não apenas a cultura organizacional, mas também a capacidade de inovação.
A relevância do tema cresce à medida que pesquisas demonstram que equipes compostas por membros de diferentes faixas etárias tendem a ser mais criativas e inovadoras. Estudo publicado no Journal of Organizational Behavior revelou que a diversidade etária pode significativamente melhorar o desempenho corporativo, especialmente em tarefas que requerem inovação e criatividade. Ou seja, ao invés de ser vista como um obstáculo, a diversidade etária deve ser celebrada como um ativo estratégico. Essa diversidade, quando bem aplicada, pode ser o diferencial queempresasprecisam para manter a competitividade.
Nos próximos 10 anos, as organizações enfrentarão uma transformação sem precedentes no mercado de trabalho , impulsionada por avanços tecnológicos e uma reavaliação das expectativas profissionais por parte de todas as gerações. Este cenário desafiador exige uma abordagem diferenciada para abraçar a diversidade etária, não apenas como uma questão de conformidade ou responsabilidade social, mas como um elemento de base para a sustentabilidade e o sucesso empresarial a longo prazo.
Dessa forma, as empresas que se dedicam em superar esta questão não apenas melhoram seu ambiente de trabalho, mas também se posicionam para prosperar em um futuro marcado pela diversidade e pela mudança. Valorizar a diversidade de gerações significa criar um clima organizacional acolhedor e integrativo. Investir em programas de treinamento, promover a comunicação aberta e construir uma cultura de respeito e colaboração são aspectos fundamentais para a manutenção de um local corporativo que reconhece e valoriza o potencial de todas as gerações.
Creio que ocombate ao etarismoé mais do que uma questão de política trabalhista; é uma questão de visão, liderança e, acima de tudo, humanidade.As organizações que lideram essa mudança não apenas definem o padrão para o futuro do trabalho, mas também demonstram real um compromisso profundo com os valores de diversidade, equidade e inclusão. Este é o momento para as empresas reavaliarem suas práticas, reconhecerem o valor da experiência combinada com a inovação e abrirem caminho para uma era de inclusão etária sem precedentes.
*Cleide Cavalcante é jornalista com Master pela Universidade de Navarra e especialização em Comunicação Interna, Cleide Cavalcante possui mais de 20 anos de experiência e 350 projetos digitais implantados em grandes empresas, como IBM, Danone e Michelin. Atualmente é Gerente de Comunicação na Progic, empresa líder em tecnologia para Comunicação Interna no Brasil.
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