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1 a cada 4 brasileiros já viveu ou conhece alguém afetado por tragédias ambientais, revela pesquisa

O montante equivale a cerca de 42,2 milhões de pessoas acima dos 16 anos. Levantamento também mostra que 82% da população já ajudaram vítimas de desastre

Pesquisa também revela elevado grau de solidariedade na população brasileira (Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul/Divulgação)

Pesquisa também revela elevado grau de solidariedade na população brasileira (Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul/Divulgação)

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Publicado em 28 de maio de 2025 às 07h00.

Em 2024, o Brasil bateu recorde nos desastres naturais. Foram 3620 alertas e 1690 ocorrências. Com o avanço das mudanças climáticas, o país vive um período de instabilidade que é diretamente sentido pela população: um em cada quatro brasileiros já viveu ou conhece alguém que foi afetado por uma tragédia ou desastre ambiental.

Deste grupo, composto por cerca de 42,2 milhões de pessoas:

  • 7% foram diretamente impactados por um evento climático grave,
  • 15% conhecem alguém próximo nessa situação,
  • 3% foram afetados e também conhecem pessoas afetadas,
  • 16,9 milhões de brasileiros já viveram um desastre natural.

Os dados são da pesquisa “Pulso Solidário – os brasileiros e o voluntariado” do Movimento União Br e da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados. O estudo aponta que, entre as vítimas, os desastres ambientais mais citados foram:

  • Enchentes e alagamentos são os desastres mais citados – 68%, 
  • tempestade ou chuva forte – 7%, 
  • deslizamento de terra – 6%, 
  • queimadas ou incêndios – 5%, 
  • queda de barragem e seca, ambos com 2%. 
  • Outros somam 5% e 4% não sabiam ou não responderam.

8 em cada 10 brasileiros já ajudaram vítimas de desastres

A pesquisa também revela que a grande maioria (82%) da população já fez alguma ação para ajudar vítimas de desastres, sendo que 21% atuaram como voluntários. 

As ações mais comuns são:

  • Doar roupas e sapatos é a ação – 68%, 
  • Doação de mantimentos, como água e comida – 58%, 
  • Divulgação de campanhas de arrecadação – 49%, 
  • Doação de dinheiro – 37% 
  • Doação de medicamentos – 27%.

Além do grande contingente de brasileiros que já ajudaram nesse tipo de situação, é expressiva a quantidade de pessoas que ainda não ajudou, mas tem vontade. Metade (49%) dos entrevistados pretende se voluntariar, 42% planeja doar medicamentos e 29%, mantimentos como água e alimentos.

Na avaliação do Movimento União Br, os dados são relevantes para traçar estratégias de mobilização em ações de voluntariado

“O brasileiro tem essa disposição para ajudar e a pesquisa detalha quais fatores motivam esse tipo de ação, trazendo indicativos importantes para os diversos atores envolvidos em campanhas de doações. O levantamento também apresenta dados relevantes para as empresas, em um momento de crescimento do engajamento em ações de responsabilidade social, dentro de uma agenda ESG”, destacou Tatiana Monteiro, presidente do Movimento União BR.

“Os dados mostram uma parcela muito expressiva da população afetada por desastres naturais, que têm se tornado cada vez mais intensos, e traz dados preocupantes, como a falta de preparação para esses eventos. Por outro lado, a pesquisa mostra não só um elevado grau de solidariedade na população brasileira, como uma disposição para ampliar essas ações”, afirma Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.

Metade dos brasileiros prioriza impacto local

Na hora de doar, metade (52%) dos entrevistados prefere direcionar doações para causas em suas cidades ou região, em detrimento de causas de caráter nacional (28%). Para 16%, não importa o local e outros 3% não sabiam ou não responderam.

A gravidade e urgência da tragédia (43%) é a principal motivação para os entrevistados doarem, seguida por confiança na instituição que promove a campanha de arrecadação (28%) e indicação de amigo ou familiar (27%). Era possível escolher até duas opções.

Quando questionados sobre as instituições que promovem campanhas  para doações de vítimas de tragédias, as igrejas ou instituições religiosas (46%) são percebidas como mais confiáveis, seguidas pelo Corpo de Bombeiros ou Defesa Civil (44%) e por ONGs (32%). Era possível escolher até 3 opções.

A pesquisa da Nexus revela ainda que a grande maioria (74%) dos brasileiros a a confiar mais em empresas que atuam em respostas às vítimas de tragédias ambientais. 

Esse percepção é ainda maior entre quem tem de 25 a 40 anos (77%) e moradores do Sul (80%).

77% nunca se prepararam para desastres

Ao todo, 77% dos entrevistados disseram nunca ter feito alguma ação como reforçar a estrutura da casa, estocar alimentos, contratar seguro ou montar um kit de emergência para se preparar para tragédias. Outros 22% já tomaram alguma medida nesse sentido.

O indicador dos preparados sobe para 42% entre quem foi afetado por um desastre; 41% entre quem foi vítima e também conhece outras vítimas e 31% no grupo que apenas tem conhecidos que viveram esse tipo de situação.

A pesquisa da Nexus e do Movimento União Br também mostra que metade (50%) dos brasileiros não sabe onde buscar informações sobre como agir, incluindo serviços de resgate e locais seguros para se abrigar, caso aconteça uma situação de tragédia ou desastre natural na própria cidade. Outros 48% disseram saber e 2% não sabiam ou não responderam.

Quando questionados sobre a efetividade da atuação dos governos federal, estadual e municipal para prevenir tragédias naturais no Brasil, 42% têm uma avaliação negativa, sendo que 26% consideram as ações dos governantes pouco efetivas e 16% nada efetivas. Já 33% dizem ser “mais ou menos efetivas”, 14% avaliam como efetivas e 7% muito efetivas. Outros 5% não sabiam ou não responderam.

Metodologia

A Nexus entrevistou, face-a-face, 2.013 cidadãos com idade a partir de  16 anos, nas 27 unidades da Federação entre 29 de abril e 5 de maio de 2025. A margem de erro no total da amostra é  de 2 pp, com intervalo de confiança de 95%.

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