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Brasil quer extraditar o italiano Cesare Battisti

A recomendação para extraditar o ex-militante foi enviada pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, ao presidente Michel Temer em 6 de outubro

Battisti: "Vão me entregar à morte", disse Battisti em entrevista (Arquivo/Reuters)

Battisti: "Vão me entregar à morte", disse Battisti em entrevista (Arquivo/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de outubro de 2017 às 16h17.

O governo brasileiro quer extraditar para a Itália o ex-militante de extrema esquerda Cesare Battisti, mas aguardará que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise o pedido de habeas corpus apresentado por seus advogados para impedi-lo, informou nesta sexta-feira (13) o Ministério da Justiça.

A recomendação para extraditar Battisti foi enviada pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, ao presidente Michel Temer em 6 de outubro, junto com um pedido para colocar o caso em espera, detalhou um assessor desta pasta.

"O posicionamento do ministro Torquato Jardim, já enviado formalmente à Presidência da República, é que devem aguardar que o Supremo Tribunal Federal se pronuncie sobre o habeas corpus interposto pelos advogados de Battisti" antes de dar prosseguimento ao pedido, explicou o assessor à AFP.

Fontes do Palácio do Planalto já haviam antecipado que Temer não á uma extradição que depois possa ser bloqueada judicialmente.

Não há prazos pré-determinados para que o Supremo se pronuncie sobre o caso, informou a assessoria do STF.

Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro homicídios executados na década de 1970, mas escapou e ou 30 anos como fugitivo entre México e França, onde desenvolveu uma bem-sucedida carreira como escritor de romances policiais, antes de ir para o Brasil em 2004.

Seis anos depois, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a sua extradição, que foi pedida pela Itália e autorizada pelo STF.

Mas o governo de Temer emitiu claros sinais de querer rever essa decisão.

"Vão me entregar à morte", disse Battisti em entrevista ao Estado de São Paulo, publicada na quinta-feira.

O ex-militante de 62 anos nega os crimes que lhe são imputados e afirma que sua recente detenção em Corumbá, na fronteira com a Bolívia, foi "armada" com o objetivo de criar as condições para extraditá-lo.

Battisti foi preso em 4 de outubro levando uma grande quantia de dinheiro quando tentava entrar na Bolívia e teve a prisão preventiva decretada por suspeitas de que pretendia fugir.

No entanto, foi liberado pouco depois e voltou para Cananéia, litoral de São Paulo, onde vive desde que se divorciou.

Em entrevista com a BBC Brasil, o ministro da Justiça afirmou que Battisti tentou sair do país com mais dinheiro do que o permitido e "sem motivo aparente". Isso "quebrou a relação de confiança para permanecer no Brasil", assegurou.

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