Medida visa a impedir que vírus H5N1 se espalhe para outras propriedades rurais; exportações do estado estão temporariamente proibidas
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Publicado em 16 de maio de 2025 às 16h18.

Última atualização em 19 de maio de 2025 às 16h12.

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Após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, o governo do Rio Grande do Sul decidiu que irá instalar barreiras de desinfecção em Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, onde o caso foi registrado.

A medida, anunciada nesta sexta-feira, busca conter o avanço do vírus H5N1, de alta patogenicidade, e evitar que ele se espalhe para outras propriedades rurais.

Como vão funcionar as barreiras sanitárias?

Serão seis barreiras fixas, funcionando 24 horas por dia, além de uma barreira de desvio, com atuação prevista por pelo menos uma semana. Os alvos principais são veículos de carga animal, transporte de leite e ração, que circulam entre propriedades localizadas num raio de 10 km da granja afetada. Carros de eio não estão no escopo da operação.

A decisão faz parte do plano de contenção sanitária, coordenado pela Secretaria de Agricultura do estado, com apoio do Ministério da Agricultura e da Defesa Agropecuária. Técnicos estão investigando como o vírus chegou à granja, que abrigava cerca de 17 mil aves. Em um dos galpões, todas morreram; no outro, 80% já estavam mortos até quinta-feira. As aves restantes foram sacrificadas, e o material contaminado, destruído.

Além da granja em Montenegro, o governo estadual monitora uma suspeita de contaminação no Zoológico de Sapucaia do Sul, após a morte de cerca de 90 aves aquáticas. O local foi fechado ao público, assim como a feira agropecuária Fenasul, que suspendeu a visitação para proteger os animais expostos.

Suspensão de exportações

Como medida adicional, o governo federal suspendeu todas as exportações de carne de frango oriundas do Rio Grande do Sul, com validade imediata. A ação é preventiva e se restringe ao estado.

Mesmo assim, países como China e União Europeia ampliaram as restrições, suspendendo por 60 dias as compras de carne de frango de todo o Brasil. Outros países — como Japão, Argentina, Reino Unido, Emirados Árabes e Arábia Saudita — optaram por restringir apenas o que vem do Rio Grande do Sul, com possibilidade de redução do bloqueio à medida que o foco for controlado.

Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a meta do governo é isolar rapidamente o caso para retomar a normalidade em até 60 dias, com base em protocolos internacionais de segurança sanitária.

O Ministério da Agricultura reforçou que não há risco para o consumo de carne de frango e ovos inspecionados. A gripe aviária não é transmitida por alimentos, e o abastecimento segue garantido no mercado interno.

O que é a gripe aviária?

A gripe aviária é uma doença infecciosa. Ela é causada pelo vírus influenza A. Essa doença afeta aves, tanto as domésticas quanto as silvestres.

O vírus se espalha por contato direto ou indireto com secreções respiratórias, fezes e fluidos de aves doentes. Isso pode levar a sintomas respiratórios, hemorragias e problemas nervosos. A mortalidade nas aves é alta, e a produção de ovos cai.

Em raras ocasiões, o vírus pode infectar mamíferos, como os humanos. Isso geralmente acontece por contato direto com aves contaminadas.

Só galinhas podem ser infectadas?

Não. O vírus da gripe aviária infecta principalmente aves aquáticas silvestres, como patos e gansos, que são reservatórios naturais, mas também pode infectar galinhas, perus e outras aves domésticas.

Em alguns casos, mamíferos como gatos, cães e até humanos podem ser infectados.

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Uma pessoa pode ser contaminada ao comer frango e ovos?

Segundo especialistas e autoridades sanitárias, não há risco de transmissão da gripe aviária pelo consumo de carne de frango ou ovos, desde que estejam devidamente cozidos.

O vírus da influenza aviária é muito sensível ao calor e é destruído durante o cozimento, em qualquer preparo que utilize fogo. Portanto, alimentos de origem aviária preparados adequadamente são seguros para consumo.

Além disso, órgãos internacionais como o Ministério da Agricultura, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) reforçam que não existem registros de transmissão da gripe aviária a partir do consumo de frango ou ovos cozidos.

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