Segundo a entidade, o principal produto brasileiro que deve ser afetado é o suco de laranja, que já possui uma taxa de 5,9% e, agora, com a sobretaxa, será submetido a 15,9%
Repórter de agro e macroeconomia Publicado em 6 de abril de 2025 às 13h45. Última atualização em 6 de abril de 2025 às 13h46.
O Brasil pode deixar de exportar 743 milhões de litros de suco de laranja e cerca de 17 mil toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, após o presidente norte-americano, Donald Trump , anunciar uma alíquota geral de 10% sobre os produtos importados do Brasil , mostra um levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Segundo a CNA, o protecionismo de Trump afetará não apenas o Brasil, mas também outros grandes países produtores de produtos agropecuários. A entidade alertou, ainda, que novas taxas poderão ser impostas por Washington. “Caso o governo dos EUA considere que as medidas anunciadas não sejam eficazes na resolução do déficit comercial geral”, disse a CNA.
O estudo da entidade mostra que o principal produto brasileiro que deve ser afetado é o suco de laranja, que já possui uma taxa de 5,9% e, agora, com a sobretaxa, será submetido a 15,9%. Até 2023, o Brasil exportava cerca de 1 bilhão de litros aos EUA, mas após o tarifaço, o volume deve cair para 261 milhões de litros.
No caso da carne bovina , que já tinha uma cobrança de imposto de 33%, agora terá um tributo de 43%. O volume de exportação deve cair de 73 mil toneladas para 45 mil toneladas— oaumento das tarifas pode gerar grande impacto no faturamento do setor agropecuário brasileiro.
“Cabe ao governo brasileiro seguir explorando a via negociadora com os EUA para buscar mitigar as tarifas anunciadas e alcançar benefícios mútuos para ambas as nações”, afirmou a CNA em comunicado.
Mesmo assim, diz a entidade, o Brasil terá condições mais favoráveis que outros mercados , como a União Europeia, que enfrentará sobretaxa de 20%, e a China, penalizada com até 54% em tarifas combinadas.
A CNA alerta que a situação entre o Brasil e os EUA deve ser tratada de forma diplomática e ressalta que a Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada nesta semana no Congresso — e que deve ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — é um instrumento importante, mas que deve ser utilizada com cautela.
“Deve ser utilizado apenas após o esgotamento dos canais diplomáticos, para defender os interesses brasileiros. A CNA defende o livre comércio por meio de acordos que diversifiquem mercados, aumentem a renda dos produtores e ampliem o o de produtos agropecuários ao consumidor”, diz a entidade.
A CNA informou que os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos somaram US$ 12,1 bilhões, conforme balanço de 2024. No ano ado, os produtos do agronegócio tiveram os Estados Unidos como o terceiro principal destino, ficando atrás apenas da União Europeia e da China.
"Ao longo dos últimos dez anos, a participação dos EUA na pauta exportadora do agronegócio brasileiro sempre figurou entre 6% e 7,5%", disse a CNA. Entre os produtos brasileiros que lideram as exportações ao território norte-americano estão café verde, celulose, madeira e açúcar bruto.
A entidade alertou, contudo, que ainda é cedo para calcular as perdas definitivas — o cenário depende da evolução das negociações diplomáticas e do comportamento do mercado internacional.